A politização de tudo e as chuvas de Luanda

Claro que existem soluções políticas para os problemas da sociedade, de modo geral, e da chuva de modo particular, porém a politização do discurso público traz dois defeitos graves. Primeiro a politização do discurso público quer obrigar o público a considerar apenas a solução política e muitas vezes apenas uma solução proposta por um grupo em particular, não porque seja a única forma de proceder, mas porque os primeiros beneficiários da mudança política são os agentes políticos. Este interesse pessoal directo pelo resultado do combate político leva o agente político a colocar o critério de eficiência política acima de tudo, mesmo da resolução dos problemas que ele está a denunciar. Por isto que se contradiz facilmente e apoia causas que são materialmente opostas e exclusivas, desde que permitam criar propaganda negativa contra os seus inimigos. Ele pratica o verdadeiro sentido da palavra “populismo”, que é uma forma de sedução, em que se diz as pessoas as coisas que querem ouvir com o objetivo de ganhar o seu apoio para nossa ação política, usando se de demagogia e mentira ao gosto do freguês. O caso das intensas chuvas de Luanda deu um exemplo claro, as mesmas pessoas que criticam o governo pelas consequências das chuvas o criticavam pela demolição de casas construídas de modo ilegal no Zango. Ora as duas coisas são ligadas, pois as construções anárquicas é uma das causas das enchentes em Luanda, pois fecharam valas de drenagem, ocuparam bacias de retenção de água, e impedem a infiltração da água nos solos. Só que o Activista não pode “atacar” o povo, ele quer seduzir o povo, e por isto ele vai se focar suas críticas ao governo apenas, quando está claro que está cultura de construção anárquica é uma das fontes dos problemas de Luanda. Mas os Activistas fogem do assunto dizendo que “o governo permitiu e deixou as pessoas construírem”, porém duvido que justificassem outros crimes, como por exemplo o roubo de seu carro, pelo facto de que este foi “permitido pela falta de acção do Estado”.

Uma tentativa de diagnóstico do problema pelo Ministro do Interior, Ernesto Laborinho, é apresentada como “um insulto, fala pejorativa e falta de sensibilidade”, enquanto é apenas uma observação racional da realidade: As construções Anárquicas feitas pelos Angolanos é uma das causas das inundações.

Porém a lógica do activista é de usar a crítica como instrumento de desmoralização de seu inimigo, e por isto nunca pode reconhecer lhe um feito positivo, irá sempre procurar minimizar e desmerecer com farpas sobre paz com fome, fizeram isto por interesse, é mesmo obrigação do governo, mentalidade de pobre upgraded e outras mais. E depois de desmoralizar o inimigo a sua segunda prioridade é de seduzir o publico, o activista esta para o povo como o namorado para a adolescente que quer desflorar: Por mais que ela seja uma imbecil, e por cima feia, que esta a por a sua vida em risca por causa de um inútil, este inútil vai dizer que ela é inteligente e mais lindas das mulheres, e vai dizer muito mais até conseguir leva-la a cama. O Pai, em contraste, não tendo necessidade de seduzir a sua filha e preocupado com seu futuro, pode lhe falar de seus defeitos mesmo que isto crie antipatia da filha. O Activista esta a se comportar como um namorado e o Ministro do Interior como um pai.

não que isto seja um comportamento exclusivo da oposição, pois os Bajuladores eram uma versão do mesmo fenómeno porem com a classe dirigente como publico, com a esperança de um Lexus, com o Campeão Actual dos Bajuladores sendo o Bambila, que tentou balujar o Presidente mesmo deste ter rejeitado esta pratica ao publico. O Bajulador vai dizer tudo o que o Governante quer ouvir, na esperança de uma recompensa no presente, do mesmo jeito que o Activista vai dizer tudo o que o povo quer ouvir na esperança de uma recompensa no futuro.

O Activista diz”Até no Talatona encheu, assim mesmo vais apoiar este governo?”, porem este argumento é fraco.

Até no “Talatona encheu” não é um argumento forte contra a descrição feita pelo Ministro do Interior, que as pessoas constroem em todos os lugares, pois quando chove apenas no Talatona não há enchente, do mesmo cheito que não há enchente no Coelho (na Estalagem de Viana) quando chove, mas quando chove em toda a Cidade, e as aguas que vem outros pontos da Cidade e convergem nestes lugares, porque não tem chance de se infiltrar nos solos ou de escoar porque as pessoas constroem em todos os lugares e cimentam todos os Lugares.

Um exemplo corriqueiro foi quando Lukamba Gato inventando uma etimologia Ovimbundu da palavra Kwanza para colar o rótulo de “Assimilado” ao MPLA. O mesmo activista que perguntava por que os deputados ganham mais que os professores agora ganha salário de deputado e para professores ficou apenas uma promessa de que ele vai lutar “pela educação”. A proposta de outras soluções é inconveniente, afinal eles estão a fazer política para ter benefícios nesta vida, mesmo que digam que lutam “pelo povo e país”, o que pode feito esperando se efeitos apenas em décadas, e eles chegam até a ter reações violentas contra quem se recuse a aderir ao seu movimento, como aconteceu com os músicos Gerrilson e Kid MC. Resumindo, a politização do discurso pelos activistas é negativa para a sociedade, pois é movida por um interesse pessoal que prioriza soluções que beneficiam directamente os Activistas e que evite falar de problemas reais quando estes não levam ao mesmo resultado ou incorre o risco de antagonizar o público. Sim, o activista pode dizer que tudo na vida é politizado, porque somos animais sociais e citar algum sociólogo esquerdista ocidental. Porém eu desafio que um deles possa gerir a rua da Dira de maneira politizada: grupos de activistas decidem quem pode namorar com quem ou que música vai ser tocada, enquanto que os clientes pagam pelas bebidas e os quartos de hospedaria por meio de uma taxa fixa cobrada mensalmente. Eu aposto que o lugar vai se transformar rapidamente em um inferno. A política é apenas um instrumento, uma forma de gerir alguns problemas da sociedade humana que não podem ser facilmente geridos pelo livre mercado e normas culturais (igreja ou família).

Não é o único meio disponível, e aliás quem tem problemas reais, e um desejo sincero de os resolver, não espera por uma solução política e ter o poder para resolver o problema, e a prova disto são activistas afrikaneers da África do sul e seu movimento cívico Afriforum:

https://im1776.com/2023/04/19/the-reintegration-of-south-african-order/embed/#?secret=ZZiRKG7xgy#?secret=SvoDwFGIWb

Se vamos gerir o urbanismo de Luanda politicamente, então todos têm o direito de viver na Talatona desde que tenham este desejo, e o desejo não precisa de ser justificado, porém como adjudicar dois desejos opostos ? Pela política vai ser por meio de um conflito até que um se canse. Pelo livre mercado gerir o urbanismo de Luanda seria mais justo e sensato, pois tendo o Talatona um custo e valor mais alto, basta que a pessoa que a pessoa crie as condições económicas para lá viver, porém nada o impede de usar o mesmo dinheiro para ter algo maior em outro ponto da cidade ou simplesmente de trabalhar menos e de fazer outra coisa com sua vida. Sim, alguns podem me chamar de insensível por dizer que os pobres não têm o direito de viver no Talatona, ou até mesmo de viver em Luanda, porém os activistas que vendem o a utopia do fim da pobreza cometem blasfémia pois Jesus disse que “haverá sempre pobres neste mundo”. Porém é um risco admissível, para quem tem como ofício a encenação de heroísmo lucrativo, a troco do dinheiro do silêncio ou de cargos públicos, pecar por blasfémia.

A culpa é do MPLA porque governou o Pais desde de 1975, como se antes os Angolanos fossem fundamentalmente diferentes e que o Povo Angolano foi inventado pelo MPLA, sim este pode ter falhado em não ter moldado outra cultura, porém a incapacidade dos Oposicionistas de criticar qualquer aspecto da cultura Angolana, especialmente quando não permite atacar o MPLA, prova que vão ser incapazes de fazer melhor, pois ninguém muda aquilo que acha normal. Se a construção de musseques, a gravidez precoce, ou a criminalidade são defendidas como reação normais a pobreza, então nada será feito contra estas praticas. Não basta criticar o Governo, tem de se criticar o Povo, pois o Governo é apenas uma expressão do Povo, e a única diferença, na pratica, entre um governo da UNITA e do MPLA vai ser nos nomes das pessoas que vão viver uma vida de Luxo.

A mesma cultura já existia antes da independência, e só não tinha expressão maior porque as Administração Portuguesa impedia o afluxo as cidades O MPLA não inventou o Povo Angolano, e os alternadores são incapazes de criticar o que esta mal no Povo.

Covid-19 em Angola : uma experiência mental e uma nova era.

Vou pedir ao leitor que me siga em uma experiência mental sobre como seria gerir um crise política e sanitária em Angola em 2020, qualquer semelhança com a realidade sendo mera uma coincidência.

No dia 15 de Marco de 2020, pelas 15 horas, o teu assessor, o querido Bajulino, te diz que vazou na imprensa online e nas redes sociais informações sobre primeiro caso de COVID-19 em Angola.
Isto levanta várias perguntas:
1. A avaliação de risco sanitário feita e que não colocou Portugal na Lista de Países de risco foi incorreta ?
2. O governo Português não foi sincero e não comunicou a nos a situação real ?
3. Os teus serviços de inteligência em Portugal não foram capazes de te avisar da situação real ?

Lembrando que Portugal tomou a primeira medida de contenção no dia 10 de Março ao encerar as escolar, alguma coisa falhou porem já não há tempo para corrigir isto agora. Sendo que agora te resta apenas reagir, porem tendo em conta os Angolanos acompanharam com ansiedade o desenrolar da epidemia nos outros países, por meio das redes sociais, o único ato político que pode satisfazer a opinião publica e ser eficaz ,do ponto de vista sanitário, seria de encerrar as fronteiras de forma imediata, especialmente com Portugal.
Porem isto traria 3 problemas políticos graves:
4- Levantara duvidas sobre a eficácia das medidas de rastreio nos aeroportos e a possibilidade que outros casos passaram pela malha Sanitária.
5- Criara a imagem de uma presidente reactivo apesar de ter o exemplo de outros países desde Janeiro de 2020. [B]
6- Vários membros da Elite Angolana, incluindo a tua filha, estando em Portugal, aonde podem ter um estilo de vida moderno ausente em Angola, apesar dos Talatonas e outros remendos, seu repatriamento em voos especiais poderá criar publicidade negativa, imagine um “Marimbombo Airlines” no 4 de fevereiro, e ser contrastado com o “abandono” dos Estudantes Angolanos em Wuhan. Isto significa que houve uma falha nos pontos 1, 2 e 3.
O que o leitor faria ?
Existem duas opções: A primeira sendo de encerar as fronteiras imediatamente, e a segunda envolve o seguinte:
7. Pedir que a OMS publique um comunicado desmentindo que Angola tenha um caso de coronavirus. (resolve o problema 4)
8. O Presidente anuncia o enceramento das fronteiras, em vigor dentro de poucos dias, apesar do pais não ter nenhum caso confirmado de coronavirus, isto permite criar uma imagem de firmeza. (resolve o problema 5)
9. Manter os voos comerciais para permitir o retorno dos membros da Elite escondidos dentro de centenas de passageiros normais, e assim evitar que se cria imagens de um “Marimbombo Airlines” a resgatar estes. (resolve o problema 6)

Depois de resolver estes 3 problemas criaste um quarto problema: trazer centenas de Angolanos diretamente de Portugal cria um grande risco de importar o vírus, porem tua Ministra da Saúde resolve isto ao sugerir quarentena obrigatória no Calumbo para todos só passageiros.
Depois de uma ligeira manobra política para salvar sua imagem, coisa muito normal ate em países do primeiro mundo, consegues também preservar o bem comum.
Porem aqui tudo saiu dos carris no dia 18 de Marco quando os passageiros vindos de Lisboa se insurgem diante da aparente recusa da filha do ministro do Interior de cumprir a quarentena obrigatória, exigindo que fossem também autorizados a “usufruir de quarentena domiciliar como ela”, e de uma maneira inexplicável foram todos “soltos depois de assinar termos de responsabilidade, depois da ministra da Saúde ceder ?
Sendo que agora tens dois problemas adicionais, sendo que agora tens 3:
10. Importaste centenas de pessoas de um pais com alto risco,
11. Espalhou-se dezenas de possíveis contaminados em varias províncias ao invés de os ter concentrados em um só local, o Calumbo.
12. A tua credibilidade acabou de ser destruída.

O que levaria o teu colaborador a criar uma situação de publicidade negativa deste modo ?

Explicações possíveis:
1- As condições Sanitárias do centro de quarentena não são suficientes para impedir o contagio entre os internados.
2- O primeiro caso de COVID-19, seja o desmentido, real ou o oficial, criou um foco de contaminação na população local e teu colaborador sente que a filha não estará segura no centro de quarentena.
3- As condições de habitabilidade do centro de quarentena são precárias.

Isto contradiz toda as informações que recebeste do teu ministro da Saúde, sendo que tens duas opções: Exonerar o ministro ou o manter no cargo ?
Exonerar seria uma admissão que a resposta do governo a Pandemia falhou, e te retira a possibilidade de exonerar ela depois, se as coisas realmente saírem do controla mais tarde, e manter ela no cargo necessitaria apenas mais supervisão e consultoria da externa. O que farias ?

Resta saber o que fazer do Ministro do Interior por quebrar a ordem de quarentena, sendo por cima o coordenador da comissão Inter-ministerial de combate ao COVID19 em Angola ?

Poderias o exonerar de maneira publica e humilhante, afinal tua alcunha sendo mesmo a de “Exonerador Implacável” o povo apreciaria, porem o futuro ex-ministro sendo um aliado próximo poderás criar um inimigo implacável, por isto tens outras opções como uma manter ele no cargo apesar de desobedecer de maneira direta a uma ordem tua, o que pode ser péssima para teu prestigio, ou o exonerar de maneira “lenta” primeiro com uma quarentena domiciliar que o afasta do Cargo e depois por uma transferência para uma província como forma de castigo. O que farias ?

Por ultima resta centenas de Angolanos, retidos Portugal, Brasil e África do Sul por conta do encerramento das fronteiras, que desejam regressar, entre passageiros “normais” e membros da Elite, tendo a seu dispor 3 caminhos: [1]repatriamento imediato, e vais mitigar o risco sanitário com quarentena obrigatória, ao mesmo tempo levantar duvidas sobre a “dureza” do encerramento das fronteiras, [2]podes prestar assistência a estes nos países retidos ate o fim da epidemia, [3] podes colocar as pessoas em per-quarentena nos países de origem e em uma segunda quarentena ao chegar em Angola. O que farias ?

A próxima carta que tens disponível será declarar o Estado de Emergência, com duas escolhas:
1- Declaração imediata e com efetividade imediata,que daria uma imagem de firmeza, porem que poderá estar descoordenada se faltou preparação ou por conta do problema que tens com teu ministro do Interior.
2- Usas algum artificio burocrático, como o conselho da republica, para ganhar alguns dias que te permitira mobilizar o dispositivo.

O que farias ?

Angola entrou em uma nova era, sem que nossas Elites, MPLA e oposição, tenham notado.

Angola sempre foi um pais fácil de governar, por quatro motivos, primeiro porque sempre tinha uma potencia estrangeira interessada em nos, seja pela nossa tossicar estratégica, por exemplo como base para invadir as republicas brancas da a África do Sul e Rodésia ou para ameaçar as rotas de navegação do Atlântico Sul, ou por causa de recursos valiosos que poderiam ser explorados em total isolamento do resto do pais, como acontece com o petróleo ou diamantes, e terceiro porque o governante Angolano, e seus dependentes e clientes, podem sempre podiam viajar ao exterior para escapar do mau resultado de seus programas de governo. aceder a tratamento medico, educação e mesmo residencial de nível moderno que não esta disponível aqui apesar de todos os Talatonas e Condomínios, e finalmente, e finalmente poder comprar no mercado internacional consultoria e tecnologia sem se preocupar com o fomento de infraestruturas e talentos locais, apesar que existiu algum esforço de recrutamento local como a “Angolanização” no sector petrolífero ou a necessidade de distribuir empregos a milhares de simpatizantes.
Com a produção do petróleo de xisto americana e a diminuição do consumo em um ocidente economicamente moribundo, o que isto retirou a Angola a primeira e segunda vantagem, sendo por isto que o Presidente Xi Jiping nao passou um cheque em branco ao JLO no inicio do mandato, o que levou Luanda a procurar um plano B baseado em uma “virada neo-liberal”, uma mistura de privatizações de grupos do Estado e investidores estrangeiros, encarnada pela ministrar Vera Daves. e que acaba de morrer com o COVID-19. A terceira e quarta vantagem, viajar para exterior para escapar de seus erros e adquirir material e serviços no exterior com , esta temporariamente indisponível por conta da natural global da Pandemia e poderá ser tornar indisponível a longo prazo por causa da redução a longo prazo das receitas petrolífera e do excesso de capacidade de produção no mundo, por exemplo se o Irão, Venezuela ou Líbia voltaram a seus números históricos a pressão sobres preços seria enorme.

Sendo que o COVID19 é a primeira crise do nosso pais que tem de ser resolvida com meios próprios e liderança local, e parece que não será a ultima, a era da facilidade acabou.