Portugal não deve pagar “reparações históricas”.

Portugal não deve pagar “”reparações históricas” as colonias.

Apesar do que disse o Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, Portugal não deve pagar “reparações históricas”, especialmente para Angola, pela “escravatura e colonialismo”, nas palavras do presidente do partido Chega, nem sequer de um euro.

Os crimes históricos que deveriam ser compensados pelas ditas “reparações históricas” são exagerados além das proporções, definidos de forma totalmente vaga, em uma linguagem ideológica e não concreta.

Escravatura não é culpa exclusiva de Portugal.

Primeiro, a escravatura, que é na verdade o trafico transatlântico de escravos na costa que corresponde hoje ao litoral de Angola, Congo Democrático e Congo-Brazzaville, que condiz a África Central do Oeste, teve a participação de Portugal de 1501 a 1869 na condição de armador. Portugal é responsável apenas pelo transporte dos Escravos até de seus portos, Luanda e Benguela, até ao Brasil, a captura e o transporte de escravos até a costa é iniciativa de Africanos, entre Elites Políticas e Comerciantes, que são estranhamente isentas de quaisquer pedidos de desculpas ou compensação financeira. O Tribunal Provincial de Luanda esta situado no palacete de uma destas figuras.

De 1869 a 1888, quando é proclamada a Abolição da Escravatura no Brasil, a responsabilidade de Portugal é reduzida ainda mais, pois tendo o abolido a escravatura e o trafico para se conformar a decisão da Grã Bretanha a por fim ao trafico a nível do mundo, não pode ser responsabilizado pelo contrabando de escravos que floresceu ao longo da costa, desde Ambriz até Cabinda, em portos Africanos fora de sua jurisdição que embarcavam escravos em navios Brasileiros e Americanos, como sempre, estes são isentos de pedidos de desculpas ou compensação financeira.

Sobre a natureza hedionda do trafico, apesar da condição de escravos ser sempre uma tragédia, a parte portuguesa do trafico era menos sangrenta se comparada com o trafico Sahariano, em que os homens eram castrados e obrigados a atravessar o deserto a pé, morrendo mais da metade por infecção e sede. Recomenda-se o livro o Genocídio Velado, TIDIANE N’DIAYE, para quem quer conhecer esta realidade. Porém a imagem que temos da escravatura é baseada em caricaturas oriundas de novelas da Globo. Se Portugal tem que pagar pela sua parte, então uma factura tem de ser enviada aos países da África do Norte.

Segundo, a ferocidade do trafico de escravos é exagerado para fins de propaganda política.

Sabemos que por volta de 5.6 milhões de Africanos, capturados por traficantes Africanos durante 400 anos em uma zona que tinha uma população de aproximadamente 7 milhões de pessoas, o que corresponde a uma taxa de escravização externa de 0.2% da população, ou seja 15.000 pessoas por ano, em media. Claro que as vitimas da escravatura não são apenas aqueles são embarcados nos portos, mas também as pessoas que morreram durante o transporte até a costa e a violência da captura porém estes foram actos Africanos. Ou estes estavam sob o poder magico de Portugal ? Como pomos correios, trabalhavam de modo mecânico sem vontade própria ?

Estas violências não foram de uma intensidade suficiente de modo a criar migrações causadas pelo trafico, como as que foram desencadeadas pelas Razias dos Arabizados na Bacia do Congo, pelo contrario, a medido que se aproximamos do fim do trafico, as caravanas vem de cada vez mais longe. Desde a Zâmbia na véspera da conferencia de Berlim, como pode se ler no livro “Pioneiros Africanos” de Beatrix Heintze, e isto apesar das zonas costeiras não terem sido despovoadas pois tiveram até um aumento de população, como Thornton prova para o Reino do Congo, o que indicada que as sociedades da costa esgotaram o numero de pessoas que poderiam dispensar para o trafico externo de voluntaria e tinham força militar suficiente para fazer vingar esta decisão. Na verdade é mais provável um Africano, da África Central do Oeste, acabar como escravo no mercado domestico, por ser capturado em combate ou preso por um crime, do que acabar nas Américas, alias sabendo que se o trafico Sahariano fez 17 milhões de vitimas, era mais provável acabar se castrado em em Cairo do que a cortar cana em Belém.

Colonialismo não foi mau para Angola.

Primeiro, colonialismo nada mais é do que transformar um região em um território nacional do Ponto de vista internacional e estrangeiro do ponto de vista nacional, os habitantes nativos da colonial sentem se como estrangeiros em seu próprio pais, não tendo direitos políticos e vendo seu território explorado a favor da metrópole.

Definido o que é uma colonialismo, Portugal teve colónias apenas entre a conferencia de Berlim (1884 – 1885) e o fim da Guerra colonial em 1975, antes disto tinha apenas postos comerciais na costa, Luanda e Benguela, e mantinha relações de tipo feudal, que eram normais nestas partes de África, com os diferentes potentados locais.

Claro que os Angolanos tiveram o direito de lutar pela sua independência política, porém a indignação diante do conceito colonialismo é totalmente histérica, pois todos os povos praticaram colonialismo e ainda hoje temos varias colónias, mesmo que tenham uma estatuto administrativo que pareça ser normal. A opressão e exploração das pessoas são apenas contingências que podem acontecer em contextos coloniais, mas não o definem. Taiwan passou a ser Chinesa depois de Luanda ter sido fundada por Paulo Dias de Novais, será que a China teve desculpas e relações históricas aos nativos austranesios da ilha ?

O colonialismo não é um crime por definição, pode se falar em crimes individuais cometidos durante o actor de conquistar e administrar uma colónia, porém se termos em conta as guerras e chacinas que advieram em Angola depois do fim da colónia, aliada a uma regressão económica que foi apenas abrandada pela maná petrolífera, Portugal não foi um má potencia colonial e deveria pelo contrario receber a nossa gratidão, por ter usado de pouco violência para criar um pais coerente com infra-estrutura eficaz e economia funcional.

Americanização

Do lado de Portugal, a ideia que “Reparação Histórica” é mais um sintoma da rápida Americanização da cultura Portuguesa, que tem o seu ápice no facto de uma empresa portuguesa pagar para usar a Marca CNN, pois a expressão é uma tradução directa da expressão inglesa “historic reparations”, que deveria ser traduzida em português para “compensação histórica”, pois a palavra reparação não tem o sentido de pagamento mas apenas de concerto em Portuguesa.

Do lado de Angola, estamos diante de uma apropriação da condição de descendente de vitimas do trafico de escravos, condição exclusiva dos Africanos das Américas, que são realmente descendentes de escravos, sendo que é mais provável que um Africano de África seja descendente de traficante. Pois como os únicos negros com que o Americano conhece é o descendente de escravos, os Africanos de Africanos devem assumir a mesma identidade e papel para pode se conformar ao mundo global Americanizado.

Perpetuar o Poder das Elites vigentes em Angola.

As Elites Angolanos derivam sua legitimidade da luta contra o Governo Português de Angola, sendo que esta no interesse deles exagerarem a gravidade do colonialismo, de pois a garantir gratidão eternas do povo. Chega ao ponto da parodia no caso da FNLA, que dedicou seu tempo de antena eleitoral para nos lembrar que foram eles que iniciaram a guerra … belo facto histórico, porém como é que isto lhes permite lidar com os problemas presentes e futuros de uma Angola navegando um mundo complexo ?

As Elites Angolanas mataram 8 vezes mais pessoas nas suas guerras civis do que Portugal matou em 13 anos de guerra colonial. Claro que há necessidade de exagerar os crimes de Portugal para esconder os seus.

A condição colonial era insuportável para as Elites de Angola, sendo lhes vetada o Poder, porém para a maioria dos Angolanos, a condição colonial não é muito diferente da do imigrante Angolano em Portugal: tem direito a participar da economia sem ter o direito a participação política.

Os perigos da histeria contra o colonialismo.

A histeria diante do colonialismo tem em germe um novo impulso revolucionário que pode destruir Angola. Pelo silogismo que sendo o colonialismo ilegítimo, Angola é ilegítima por ser uma criação colonial, o MPLA é ilegítimo por ter recebido o poder das mãos do colono, logo vamos destruir Angola e construir um outro pais “puramente Africano”.

A revolução é crime contra o povo, e submeter Angola a mais uma é um acto diabólico.

Quebrar o mito da guerra e ocupação colonial sangrenta é o primeiro passo para a maturidade mental de Angola.

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