O papel da oposição no fracasso da democracia em Angola.

O papel da oposição no fracasso da Democracia em Angola.

Pode parecer estranho dizer que a oposição Angolana, constituída da UNITA, seus auxiliares da dita sociedade civil e os jornais com uma linha editorial ditada por um preconceito anti-MPLA, contribui para a do fracasso da Democracia em Angola, afinal lutaram “pela realização de eleições”, porém este é exactamente o problema, eles lutam apenas pela parte que lhes traria um beneficio directo, “estar no Poder”, e não participam na parte mais importante da democracia: 1)livre discussão de ideias de modo a encontrar soluções e 2)convencer as pessoas a aceitar as soluções.

Este fracasso é evidente quando revisitamos 3 polémicas a “fome relativa”, o aumento do preço dos combustíveis, e a recente declaração do Ministro de Estado para a Economia, Massano que “Preço alto do barril de petróleo “já não resolve o nosso problema”.

A fome relativa.

No discurso relativa a 65º Aniversário da Fundação do MPLA, JLO disse o seguinte:

Na agricultura, ao andarmos um pouco pelo país, sentimos que há muita produção. Fala-se de fome. Os nossos adversários hoje acordam de manhã à noite a cantar uma música.

Fome, fome, fome. A fome é sempre relativa. O país já tem muita produção de bens alimentares.

Talvez, por conveniência própria, por conveniência política, nos convenha repetir incessantemente a palavra fome. Mas eu diria que o grande problema da Angola, se quisermos ser mais precisos, é o pouco poder de compra dos nossos cidadãos. Pouco poder de compra pelos altos índices de desemprego.

Fruto de um conjunto de factores, mas sobretudo fruto da Covid-19, que fez com que muitas das indústrias, muitas das empresas reduzissem o pessoal e, em alguns casos mais extremos, encerrassem mesmo as suas portas. Portanto, esses cidadãos que lamentavelmente se encontram nessa situação de desempregados ou de semi-empregados, evidentemente que não têm poder de compra de garantir acesso alimentar para as suas famílias. Mas, de resto, a produção agrícola, pecuária e piscatória no nosso país tem subido todos os dias para os olhos de quem quer ver.

JLO, discurso alusivo no Acto Político em Saudação ao VIII Congresso Ordinário e de Celebração do 65º Aniversário da Fundação do MPLA.

Sendo que o presidente JLO disse que a fome é relativa a produção agrícola, e que tendo aumentado a produção esta deve diminuir, porém os opositores que a fome é subjectiva no sentido de “imaginaria” e que o presidente estaria a dizer que os Angolanos são loucos que imaginam ter fome, mostrando assim insensibilidade e falta de respeito. Mas a desonestidade esta acompanha de um empobrecimento da língua, pois os opositores são culpados de polissemia, que é a pratica de usar vários sentidos para uma só palavra de modo a confundir seu adversário. A fome designa a condição individual de precisar alimentos, porém a palavra pode ser usada por estilo de linguagem para designar uma situação de carestia que é ausência de comida mesmo para pessoas que usem dos meios comuns e eficientes para sua obtenção, como aconteceu durante a seca no sul de Angola. Uma pessoa a comer no lixo não é prova de carestia, mesmo que aquela pessoa tenha fome, pois quem o faz normalmente tem problemas mentais ou vem de famílias que não se ajustaram a economia de mercado, ou seja pessoas que não usam meios comuns e eficientes para obtenção de alimento, até porque ambas pessoas poderiam migrar para uma zona rural e conseguir obter alimento por meio da agricultura de subsistência, porém tomaram a decisão de subsistir da restos de seus concidadãos.

O mais grave neste episódio foi que JLO disse algo de importe neste discurso, que simplesmente não foi debatido pela “classe falante”, que estava mais preocupado com a extrair capital político da “fome relativa”.

A subida do preço dos combustíveis.

A “subida do preço do combustível” foi na verdade uma retirada de um subsidio que proporcionava aos Angolanos preços baixos tendo em conta o custo de produção e o preço de mercado, sendo que este não pode perdurar quando a taxa de natalidade excede a capacidade do Estado de construir infra-estrutura e de cria rapidamente situações de escassez, enquanto que a produção petrolífera, que é a fonte de financiamento do Estado, não cresce ao mesmo ritmo.

E a conclusão a que chegámos é que precisávamos de fazer qualquer coisa rápido, uma vez que a taxa de natalidade no nosso país é muito alta. A população vem crescendo nos últimos anos a um ritmo bastante grande. Construir hoje um hospital para mil pessoas, cinco anos depois, esse hospital já não serve.

Já não serve, quero dizer, a população que vive ali nos arredores e que vai precisar dos cuidados desse hospital, já duplicou, já triplicou. Então, a corrida é entre o ritmo de construção das infraestruturas e o crescimento da nossa população. O país está a investir bastante no setor da saúde.

JLO, discurso alusivo no Acto Político em Saudação ao VIII Congresso Ordinário e de Celebração do 65º Aniversário da Fundação do MPLA.

Constatação não entrou no discurso político, a oposição apresentou a medida como puro acto de maldade e incitou a desordem que obrigou o governo a retardar a retirada total do subsidio, prolongando assim o problema.

Preço alto do barril de petróleo “já não resolve o nosso problema”

Apresentada como um confissão de desespero, citada em titulo da matéria, até no jornal de Angola, que Angola já não tem solução, até pelo Jornal de Angola, invertendo assim o sentido do que Massano disse, pois isto se insere na estratégia da Lenda Negra de Angola, que pinta o pais como o pais como um lugar apocalíptico e sem futuro, levando o povo a uma única conclusão: “A Alternância com a UNITA no Poder” . Porém a frase completa foi que “o ritmo de crescimento das populações e das necessidades está muito acima daquilo que o sector petrolífero hoje é capaz de oferecer à economia e aos cidadãos”, deste modo concordando com o diagnostico feito pelo presidente no discurso acima citado, e apresentando uma lista soluções visando a busca de outras soluções, que podem ou não serem adequadas, porém isto não interessa a mentalidade opositora, que tem apenas uma solução na cabeça: “A UNITA no Poder”.

Diversificação da economia é que você só se fala da diversificação das fontes de rendimento não das prioridades de consumo, ninguém pergunta a ser razoável que um angolano que tem uma produtividade de mil dólares por ano quer consumir 10.000 em serviço de transporte saúde e educação a custa de terceiros. Quando tiver crianças a estudar debaixo do mar fala sinal do governo mas ninguém pergunta se os pais destas crianças forem responsáveis

Resumindo.

Algumas pessoas, tirando obviamente os membros da UNITA, se indignam quando esta é criticada, dizendo que “nunca governou”, porém a natureza do Político é limitada por 3 factores: O que deves fazer, o que podes fazer e o que queres fazer. Sendo claro que o MPLA quer fazer o que se deve fazer para Angola, lidar com a questão do crescimento demográfico acelerado, porém que não consegue o fazer porque a UNITA ira se aproveitar da oportunidade para excitar revolta com o objectivo de chegar no poder, ou seja apesar de “não ser governo”, o partido Galo Negro tem a capacidade de limitar a acção do governo, o fazendo em proveito próprio e provando assim ser uma oposição desleal a Angola, presente e futura.

As Ferias do JLO nas Seicheles, parte 2: A Hipocrisia da UNITA e o Gabinete de acção psicológica.

As Ferias do JLO nas Seicheles, parte 2: A Hipocrisia da UNITA e o Gabinete de acção psicológica. Atalho para a primeira parte do texto.

A UNITA esperava uma vitoria fácil adoptando um discurso de austeridade contra os gastos excessivos da viagem do JLO para as ilhas Seicheles, porem o vídeo, publicado pelo deputado Nelito Ekuikui no X (antigo twitter) no dia 4 de Janeiro de 2024, causou uma maré de criticas contra a hipocrisia da UNITA, alegando esta que participava de um lado ao banquete da OGE, com o subsídios de instalação dos Deputados, os carros protocolares e os salários milionários, enquanto que do outro lado critica a despesa da viagem de ferias do presidente. Uns perguntaram como é que o deputado vinha falar de pobreza em um vídeo em que vestia uma camisa da Lacoste, uma marca de luxo.

A reacção da UNITA, tanto a nível de seus membros individuais, nomeadamente o Menino da Lacoste, a alcunha atribuída pelos usuários do X ao Nelito Ekuikui, e o Jonas Mulato, como a nível da instituição por meio de um comunicado publico (reproduzido na integra no fim deste texto), foi de imputar estas criticas ao “Gabinete de Acção Psicológica” (GAP) do MPLA, que estaria assim a tentar mudar o foco de debate publico e desviar os olhares da viagem do presidente.

Os argumentos da UNITA se resumem ao seguinte: 1) Alegar que as criticas tem origem no GAP, 2)defender-se da acusação de gastos sumptuosos alegando que o a)salário dos deputados não é alto, que b)os carros dos deputados são propriedade da Assembleia, sendo que não há escolha de recusar ou pedir um carro mais barato.

Vamos analisar cada argumento de forma rigorosa.

O GAP e a hipocrisia da UNITA.

É trivial alegar que a existência de um órgão de comunicação seja uma coisa sinistra, pois a própria UNITA e varias empresas tem aquilo que se convenciona chamar, de modo inócuo, “Departamento de Relações Publicas”, que gere a imagem da um entidade, tanto reagindo a noticias a noticias negativas como que colocando noticias de modo pro-activo de modo a levar a cabo a sua agenda. Alias vimos isto na forma coordenada como os membros da UNITA alinharam seus argumentos, que coincidiram depois com o comunicado publicado pelo Partido, com uma disciplina de mensagem de modo a evitar publicidade negativa. Porém não basta a coincidência de argumentos, deve ter um vinculo directo entre o Departamento de relações publicas e as pessoas que os divulgam, sendo isto fácil se tivermos a UNITA como exemplo, pois o Nelite Ekuikui e o Jonas Mulato são membros do Partido, sendo que a UNITA deveria provar que uma parte significativa dos internautas que a criticaram tem vinculo com o GAP, ou simplesmente admitir que esta a espalhar teorias da conspiração para abafar seus críticos. Como fazia o MPLA no passado, acusando seus críticos de serem fantoches e membros da UNITA.

Pelo contrario, as evidencias do carácter orgânico e espontâneo das criticas são numerosas, e alias a mesma critica surge periodicamente. O primeiro exemplo que podemos dar aconteceu na ressaca da eleição de 2022, quando cidadãos questionavam a sinceridade do partido, que proclamava a ilegitimidade do resultado das eleições ao mesmo tempo que tomava posse e usufruía assim das regalias inerentes aos cargos de deputados. O Jornalista Israel Campos colocou esta pergunta ao presidente da UNITA, Adalberto da Costa Júnior, que respondeu que “esta pergunta desviava do foco, e que era um assunto a discutir dentro da Assembleia”.

O segundo exemplo quando internautas questionaram a sinceridade do discurso do Deputado Sapiñala, baptizado com a alcunha de Hugo Boss por usuários do Facebook, sobre a pobreza em Angola quando ele ostentava um iPhone 14 Pro Max novo, que na altura não estava a venda em Angola, e que ele parecia ter viajado para comprar no exterior, por conta das etiquetas de talão de embarque colocadas no telefone, mas que na verdade era uma capa estampada com simulacro das ditas etiquetas. O terceiro exemplo de surgimento desta polémica se deu quando um ouvinte perguntou a deputada Webba se achava normal que os deputados recebessem um prémio de instalação de 20 milhões de cuanzas em um pais com tanta pobreza. Finalmente, o artigo do Jornal Expansão sobre as carros protocolares dos deputados foi publicado no dia 7 de Janeiro de 2024, escrito por Miguel Gomes, que está há anos a acompanhar este assunto, e este novo artigo foi escrito na continuidade desde trabalho, basta pesquisar “carros dos deputados” na pagina virtual dito jornal. Sendo por evidente que as criticas são orgânicas e feitas por internautas Angolanos, ao invés de serem ordenadas pelo GAP. Não é possível que o jornalista tenha composto e publicado seu artigo em menos de 24 horas reagindo o vídeo do Ekuikui.

A sinceridade da calunia da UNITA, contra internautas que lhe endereçaram criticas, foi demonstrada pelas palavras do Deputado Nelito Ekuikui na transmissão em directo do “Dose Diária”, do dia 6 de Janeiro de 2024, no X (antigo Twitter), quando atribuiu as criticas a UNITA a lavagem cerebral pelo sistema educativo do MPLA ou ação directa de do GAP do MPLA, ou seja, o preconceito do Deputado é que a UNITA esta acima de qualquer critica. As proclamações, no decurso da mesma transmissão em directo, que o Deputado faz em defesa da liberdade de expressão e da pluralidade de opinião são vazias diante da sua própria pratica, como quem recita o credo apostólico antes de cometer um pecado.

Os Deputados da UNITA são ricos ou pobres ?

O Deputado Nelito Ekuikui tentou rebater a substancia das criticas, dizendo que as regalias que os deputados usufruíam não eram elevadas, concordando com a sua colega Mihaella Webba de que os “Políticos ganham mal em Angola”, respondendo a pergunta de um ouvinte sobre o subsidio de instalação dos deputados, da ordem de 20 milhões kz, durante um programa de radio. A polémica a volta deste assunto levou a UNITA a prometer doar 50% deste prémio para a sociedade em 2022, e Dezembro de 2023 a UNITA anunciou que ja estava a cumprir a sua promessa , porem os seus planos anunciados (distribuir medicamentos, reparar carteiras em escolas, e doar cestas básicas) e teve imagens de membros do partido a distribuir cestas básicas que foram difundidas pela TPA, não custam os 900.000.000kz de representa o valor em causa. Isto até levanta uma pergunta: Como é que a UNITA pode ter uma gestão duradoura do OGE se não consegue criar uma obra duradoura com quase um bilhão de cuanzas. Lembremos que a organização da sociedade Civil Sul Africana Afriforum construiu uma universidade de raiz com um montante menor, quando o Governo do Partido ANC decidiu extinguir o ensino em Afrikans em uma universidade publica, em claro acto de discriminação étnica.

O Deputado Ekuikui tentou usar uma definição especial de rico para justificar seus de bens de luxo, e imagino que defenderia o iPhone de seu colega Sapiñala, e concordar com a Webba, dizendo que que “rico é alguém que cria riqueza” e não alguém que usa artigos de luxo, porém este não é um argumento não é sincero. O facto é ser o deputado recebe pagamentos directo e anuais de 33.8 milhões kz, constituídos por um salário base de 22.768.138,00kz , se ele não for membro de uma comissão e usufruir assim dos bónus associados, e subsídios de fim e principio de mandados, a receber a cada 4 anos, de 47.1 milhões de cuanzas. Isto equivale a um salário anual de 45 milhões.

Os carros dos deputados.

Quanto aos dois carros ao qual um deputado Angolano tem direito, a linha de defesa da UNITA, tanta nas palavras do deputado como no comunicado, é que estes são propriedade da assembleia. Apesar dos carros serem da assembleia, o seu uso pelos deputados é um beneficio directo a favor do deputado equivalente a usar um carro de aluguer pago por um terceiro (argumento de sumptuosidade) e por isto é um custo directo ao Estado (argumento de austeridade). O que se diria de um director de uma empresa privada que andasse com um carro propriedade de sua impressa, para fins particulares, mas que alegasse que isto não constituía beneficio para si porque o carro não estava em seu nome. Se um deputado tivesse alugar um SUV e uma carrinha Toyota Hilux, despenderia no mínimo 73 milhões kz, na razão de 100.000 kz por veiculo e por dia. Além de que o carro constitui um custo directo ao Estado.

Somado ao salário, o mandato de deputado equivale a um emprego com um rendimento nítido de 106 milhões de cuanzas por ano, se somar os 33.8 milhões em pagamentos e os 73 milhões que custaria a alugar os dois carros. Negar a sua condição de rico é um traço comum da sociedade Angolana, seja por medo da inveja, de pedidos de ajuda e as vezes por simples vergonha quando a pessoa não melhor de vida apenas de receber tanto. Por ponto de comparação, o salário bruto de um sondador de petróleos esta por volta de 30 milhões cuanzas por ano, ao qual deve se descontar o impostos incidentes, para trabalhar em turnos de 28 dias a bordo de uma embarcação que pode afundar a qualquer momento, o website Glassdoor tem estimativas de salários para Angola. Os salários dos deputados não só são objectivante altos, estando na mesma faixa que trabalhadores experientes da industria petrolífera, mas são altos para os deputados de ponto de vista individual, pois a concorrência pela honra de “representar o povo”.

A UNITA depois tentou se desresponsabilizar, adoptando um discurso de inevitabilidade, alegando que a atribuição dos carros está inscrita na lei e que não só a UNITA não pode mudar a lei por não ter votos, e nas palavras de Jonas Mulato a UNITA teria”sugerido carros mais baratos”, mas que os Deputados não podem recusar os carros. Porém, novamente, os argumentos não são sinceros.

Vários deputados recusaram tomar posse das viaturas atribuídas, incluindo Rafael Savimbi que negou um Lexus em 2019, Tchizé quando era do MPLA, também alegou que não aceitou um Lexus em 2017, porque tinha um de 2012 em boas condições, e a Paula Simmons também recusou o carro a que tinha direita por ser deputada do MPLA e administradora da RNA.

O que o senhor Ekuikui não disse é que os carros da Assembleia acabam muitas vezes como propriedade dos deputados, por meio de uma sistema de abate em que compram os mesmos por preços da igreja, com o Deputado da UNITA Navita Ngolo a admitir ter comprado um BMW protocolar por 3 milhões cuanzas, muito abaixo do preço de mercado.

A UNITA não acredita em liberdade de expressão.

O deputado Nelito Ekuikui disse claramente, a conversa do “Dose Diária” que a UNITA não acredita em democracia e pluralismo, pois acredita que os únicos motivos de alguém criticar seu partido é 1) ser do gabinete psicológico e 2)ser um burro vítima do sistema educativo do MPLA. Criticou os “métodos marxistas” do MPLA, porém repetiu assim o discurso do tempo do partido único quando os críticos eram “fantoches e alienados”, sendo que como é que vais ter democracia sem critica, pois liberdade de opinião não há opções políticas. Ironicamente, ao dizer que o MPLA corrompeu os dirigentes da UNITA no passado, reconhece que sei adversário pelo menos acredita na pluralidade de opiniões, mesmo que as tenta ultrapassar com o maço de dólares, isto é muito melhor que chamar seu adversário de burro e vendido.

Outro exemplo do espírito anti-democrático esteve patente quando o deputado, respondendo a uma pergunta sobre financiamento de partido por meio de doações individuais, diz que não acredita que políticos “deveriam mendigar”. O sistema de doações permite medir de modo a popularidade de um partido ou uma opção política,

tanto por número e a intensidade do apoio, afinal quem acredita vai doar de modo proporcional a sua convicção. Nos EUA um indício que permite adivinhar o vencedor de uma Eleição é justamente o número de doações individuais, pois quem doa é mais sucessível de votar do dia decisivo.

O deputado prefere financiamento público ou “meios próprios”, talvez alguns poços de petróleo ou as minas de diamante que dão saudades ! Afinal é mais fácil do que prestar contas às pessoas, que podem retirar seu financiamento se verem sua confiança traída, com quem devemos negociar para agradar e procurar um consenso, basta a auto-promoção como salvador da pátria e capturar uma fonte de renda. O Deputado não quer prestar contas ao eleitor, e aqui coincide com as palavras de seu presidente quando questionado sobre os Lexus: Isto é do foro da assembleia, aqui o eleitor não se mete.

Há uma proposta de “autonomia financeira” da assembleia em nome da “separação dos poderes”, que será perigosa para os bolsos dos cidadãos, pois a primeira coisa que os parlamentares mais autónomos de África fizeram foi aumentar seus salários: 15.000$ por mês na Nigéria, 13.000$ no Quénia, etc. Alias os próprios deputados Angolanos violaram a lei do OGE para receber os carros de apoios, Toyotas Hilux, em acto de rebeldia ao Governo.

Que a UNITA seja a futura FNLA.

Concluindo, a reacção, na forma e no seu conteúdo, diz muito sobre a UNITA, e sua capacidade de participar em um ambiente publico realmente plural, não apenas com vários partidos e “membros da sociedade civil” que são os mesmos colegas de sempre, mas em um fórum aberto com qualquer Angolano que tenha uma conta no X e no Facebook. O Partido já cumpriu seu papel histórico de quebra-gelo, obrigando o MPLA admitir o principio de pluralidade, do mesmo modo que a FNLA antes de si cumpriu o seu papel de saco de pancada do Exercito português, alias merecido por conta dos massacres que cometeu em Março de 1961, e devera em breve deixar o caminho livre para a uma real pluralidade de vozes.

Parte da sociedade deve abandonar seu preconceito positivo a favor da UNITA, dando a eles um beneficio de duvida ilimitado, talvez por conta da divida moral contraída pelos anos de luta do partido, porém se a democracia é livre escolha entre opções equivalentes, então devemos tratar a UNITA e o MPLA com o mesmo grau de cepticismo e rigor.

Referencia:

1- O Comunicado da UNITA:

O Grupo Parlamentar da UNITA (GPU) acompanha com atenção as notícias postas a circular nas redes sociais sobre o usufruto de viaturas protocolares pelos Deputados e as reacções daí resultantes, pelo que esclarece o seguinte:

  1. A lei confere aos Deputados à Assembleia Nacional o direito ao usufruto de uma viatura protocolar e outra de uso pessoal para se deslocarem e servir os cidadãos no decurso do mandato.
  2. As viaturas são propriedade da Assembleia Nacional e não são ofertas aos Deputados, como se propala. Quando o Deputado termina ou interrompe o mandato as viaturas ficam na Assembleia Nacional.
  3. As viaturas foram entregues aos Deputados na primeira semana de Dezembro de 2023, facto que foi tornado público pelo Sr. Secretário Geral da Assembleia Nacional (SGAN) em sede de uma conferência de líderes e pelo Grupo Parlamentar da UNITA, a 30 de Novembro de 2023 , em conferência de imprensa.
  4. O Grupo Parlamentar da UNITA entende que a desinformação e as especulações que agora surgem sobre o cumprimento de uma lei e uma prática vigentes desde a Primeira Legislatura visam unicamente desviar a atenção dos angolanos das questões relevantes de interesse nacional, que incluem os atentados graves à Constituição perpetrados pelo Presidente da República, a insustentabilidade da Dívida Pública e a corrupção, assim como anular as fortes críticas que o público em geral está a dirigir ao Sr. Presidente da República pelo escândalo das suas férias nas Ilhas Seychelles[sic], em desconformidade com a realidade da pobreza e de um Orçamento Geral do Estado deficitário.
  5. O Grupo Parlamentar da UNITA nada tem a ver com o processo de selecção ou compra dos bens que constituem o património da Assembleia Nacional, porque não tem qualquer responsabilidade na execução do orçamento da unidade orçamental Assembleia Nacional.
  6. Quaisquer informações sobre o processo de aquisição e distribuição das viaturas podem e devem ser solicitadas ao Conselho de Administração da Assembleia Nacional (CAAN).

2- Este texto ignora o artigo ortográfico.

Manifestação de 17 de Junho: Os manifestantes são os únicos que têm direitos?

Manifestação de 17 de Junho: Os manifestantes são os únicos que têm direitos?

Primeiro gostaria, na qualidade de cidadão privado, lamentar que não foram amplamente divulgados os nomes dos Agentes da Polícia Nacional que morreram cumprindo o seu dever, em defesa da Lei, nos últimos motins que aconteceram em Angola. Que suas almas descansem em paz e que seus assassinos sejam castigados.

Na sequência da manifestação ocorrida no dia 17 de Junho de 2023, pergunto-me se os manifestantes são as únicas pessoas com direitos humanos em Angola?

Parece estranho fazer esta pergunta já que todo mundo está focado nos direitos, alegados e reais, dos manifestantes, mas apenas porque adquirimos o mau hábito de confundir o consenso com a verdade e porque é mais agradável seguir a bala, e acariciar o cão no sentido do pelo. Afinal, não se podem criticar quem luta pelo bem, ou pode ser vítima da pergunta fatal: “És do MPLA?”.

Os manifestantes Revu comportam-se como se a necessidade de notificar o Estado fosse uma imposição ditatorial que limita o seu suposto direito a manifestar-se de modo ilimitado e sem restrição, porque eles não pensam no direito dos outros cidadãos, ironicamente no mesmo momento em que juram lutar por todos. Eles partem de leitura propositadamente analfabeta da lei e fingem incompreensão, porem esta claro.

As manisfetações não carecem de notificação e autorização de modo geral (por exemplo em comicios, etc), excepto em espaços publicos porque existem outros Angolanos que também tem direitos, aqueles que escolheram não ir na manifestação, têm o direito de circular na cidade e realizar as suas atividades, e seus direitos merecem ser protegidos. Os Revu citam o primeiro paragrafo, manifestação em espaços privados, e o aplicam ao segundo caso, manifestação em espaços publicos, não sei se por analfabetismo funcional ou manipulação consciente.



Isto é uma forma de escolher que é muito mais prática e real do que votar, em que teu voto tem apenas um poder estatístico potencial, porém este primeiro direito de escolha é negado pelos defensores da “democracia”, enquanto que se arrogam o direito de tomar como reféns cidades inteiras em qualquer dia que lhes apetecer.

As respostas dos manifestantes Revu a perguntas sobre os direitos das pessoas que não se manifestam têm sido, primeiramente, descontar estas reclamações como sendo de burgueses de classe média que “querem ir à praia”, como disse o Luaty Beirão durante os protestos de 2020. Em segundo lugar, alegam que estão a lutar por todos e por isso têm o direito de se sobrepor à vontade dos outros angolanos. Em terceiro lugar, dizem que quem reclama é “um beneficiado do sistema”. Alguns até vão te pedir para “não falar, para colaborar”. Por ventura, têm medo de que as pessoas não concordem com seus argumentos, porém, em vez de os convencer, tentam intimidar quem pensa de modo diferente para se calar.

São supostamente pela liberdade de opinião, mas qualquer pessoa que tenha uma opinião fora da linha dos Revu é membro do Gabinete de Ação Psicológica, ou a nova modinha que importaram do Brasil: milícia digital.

Talvez as pessoas não concordem contigo porque não têm a mesma visão extremista do mundo, em que és o bem santo e o MPLA é um demônio, porque não

concordam com os teus métodos, ou por acharem que o MPLA esteja certo nesta medida em particular. Estas opiniões são válidas, e és livre de tentar convencer quem as tem, porém, infelizmente a tendência tem sido de intimidar e insultar quem não concorda com os manifestantes Revu.

Se notaram, a mesma retórica e método de agir é usada pelos moto-taxistas e taxistas quando fazem seus protestos: por terem algo a reclamar, auto-proclamam-se líderes, impedem os colegas de trabalhar, sob risco de agressão física, fecham estradas e até impedem pessoas singulares de transportar pessoas em seus carros. As pessoas acham que protesto só acontece quando causa distúrbios e incômodo ao próximo.

Quem os designou para “lutar pelo bem de todos”? Quem os elegeu e quando? Por que sua definição de bem é superior à dos outros angolanos? Ao que sei, o Governo explicou a sua decisão de subir o preço do combustível, sendo que cabe a cada cidadão pensar se aceita ou não, aliás, alguns até podem apoiar esta decisão, e exprimir esta opinião com seu direito ao voto, com seu direito de participar no discurso público ou manifestar. Direitos estes que são tomados como reféns pela turma do “Povo no Poder”, uma paródia do “Em nome do Povo”, que levou o MPLA a cometer erros e injustiças no passado, mas que desta vez vai dar certo porque os revolucionários atuais são mais bonitos?

O que é um protesto pacífico?
Segundo os nossos manifestantes Revu, basta que uma manifestação seja anunciada como sendo pacífica para que seja pacífica, como um bom marido precisa apenas anunciar que não vai bater na mulher no dia do casamento para decidir que o lar não tem violência doméstica. A manifestação é pacífica se não acontecerem atos de violência no decorrer da mesma, contra outros cidadãos e contra a Polícia. Estes atos incluem: impedir o trânsito ao andar no meio da estrada ou criar barricadas, pois limita o direito dos outros cidadãos de andar pela cidade, atacar a polícia com pedras ou outros objetos, queimar pneus pois destrói a propriedade pública e interdita o trânsito, etc. Todos estes atos aconteceram durante os protestos contra o aumento do preço da gasolina e, por isso, estes protestos foram violentos.

Quando estas manifestações são anunciadas, centenas de empresas dispensam seus colaboradores e encerram seus serviços, não porque têm medo da polícia, mas sim dos manifestantes, que juram ser “pacíficos”.

Resumindo:
A manifestação não é um direito ilimitado e unilateral, tem responsabilidades também.
Manifestação é legal se:
1- As autoridades são notificadas.
2- Nenhuma ilegalidade é cometida no decurso da mesma.

Os direitos dos manifestantes não são superiores ao direito dos que escolhem não participar na manifestação, porem os Revu tem medo de sair da narrativa do heroísmo revolucionário, é a zona deles de conforto, só que nos, o resto da população, temos o direito de escolhar um modo de fazer politica sem radicalismo e destruição.

O Privilegiado contra o Privilegio.

O Privilegiado contra o Privilegio.

A principio pensava que o problema das pessoas contra o “privilegio” era apenas um problema semântico, pois as pessoas estão a confundir vantagem com privilegio, a primeira sendo apenas uma diferença positiva, enquanto que a segunda é uma diferença dada de modo arbitrário a uma pessoa e que poderia ser dada a outra. O Problema não é a palavra, porque se as pessoas concordarem que é apenas uma vantagem vai se falar de “avantajados”.

Sub-entendida na ideia de privilegio é de receber algo que não mereces, algo que não é do teu esforço, o que seria uma arbitrariedade, porém ser filho de seu pai não é algo arbitrário, sim voce não escolheu ser filho de teu pai, mas teu pais escolheu ter voce como filho. Afinal não nascemos aleatoriamente, mesmo que haja o risco do Microquimerismo.

Demonização da Privilegio”, supõem uma igualdade absoluta de oportunidade, cada ser um Adão. Na pratica criticam o facto que meus antepassados, primeiro meu pai, tomou decisão para priorizar o meu futuro em detrimento do presente dele

A origem desta ideia é em parte a pulsão revolucionaria gnostica, que quer se libertar da vassalagem da historia e dar a todo homem o direito de ser um Adão, tem a vantagem de justificar a inveja, agora é uma nobre “luta de classe” contra o privilegio ao invés de desejar o dinheiro e a mulher do próximo.

A Herança é a prova física que não somos donos absolutos de nosso destino, e a mentalidade revolucionaria não admite limites ou reconhecer que haja algo do passado que tenha de ser conversado. Por isto que abolir a herança e familia é uma das medidas do manifesto comunista, a segunda é produto da segunda.

Não importa muito o nome que dás a coisa, no fundo o que as pessoas querem dizer, ou uma das coisas que querem dizer, é que gostariam que todo mundo fosse um novo Adão, iniciando em um mundo novo em que todo mundo tivesse exactamente a mesma chance … ou querem dizer que estão revoltados com o facto de não terem tanto quanto os outros.

Aí esta o problema, o Burgues derivo do dinheiro de seu trabalho, enquanto que um Rei deriva o dinheiro de seu Poder, se ele esta falida de duas uma: Pais dele faliu (continua ele com Poder) ou ele Perdeu o Poder e a capacidade de ter privilégios.

Como se ser beneficiário de herança, seja tu filho do Presidente ou de um carpinteiro, fosse algo arbitrário, afinal se tu não escolha a tua família, a tua família te escolhe.

Privilegio não é uma palavra neutra, basta ver sua definição o jeito em que é usada para significar pessoas que receberam vantagens de modo arbitrário Não existe um direito a igualdade absoluta de chances ao nascer, até a epigenetica cria diferenças.

Privilegiado é uma forma de desmerecer o esforço individual da pessoa Se os teus pais, ou avós ou bisavó, não acharam necessário deixar algo para si, vai desenterrar os seus caixões e incendeia os corpos, nem eu ou meus pais temos algo a ver com isto.

Mesmo que a herança seja política, não é um absurdo, pois afinal conquistar o Poder requer Talento, e o talento deve ser respeitado.

Na verdade fica difícil de saber do que se fala, de modo que minha teoria pessoal é que as pessoas não tem ideias em Angola, apenas manifestações da pobreza de seu vocabulário.

Privilegio é algo que recebes de modo arbitrário, estas a confundir isto com ter vantagem, que pode decorrer de qualquer outro motivo.

Ter um privilegio em Angola seria um privilegio se fosse proibido comprar um telefone mesmo para quem tivesse o dinheiro. Ela quer dizer que é dificílimo ou caro, mas usa “privilegio”.

De novo a pobreza do vocabulário, somos afortunados de não sermos pobres, pois o trabalho de nossas famílias e o destino assim o quis.

Privilegio ,e algo que recebes de modo arbitrário por decisão de um poder, apenas um poder totalitário consegue.

Não acredita ? Na Eritreia e na Korea do Norto precisa-se de uma licença para comprar um telefone, mesmo que tiveres o dinheiro. Isto sim é um privilégio: Uma imposição arbitraria de Poder, pelas “conveniência inerente do cargo”.

https://www.economist.com/the-economist-explains/2018/08/14/why-eritrea-is-called-africas-north-korea

O problema é sofremos de provincianismo, geográfico, e alias é mal visto comparar com “outras realidades”, excepto quando é conveniente para a nossa narrativa, logo por isto que sempre se fala de SADC quando para promover as eleições autárquicas em Angola, porém nunca se fala da onda de assassinatos de autarcas e de corrupção na África do Sul. Não é conveniente, prioridade é tirar o MPLA do Poder, a realidade ajeitamos depois, eleição autárquica é desenvolvimento pá!

Esta provincianismo tem um companheiro temporal, pois não nos lembramos sequer de nossa historia, pois por exemplo ter um carro era um privilegio na década de 1980, pois mesmo com dinheiro carecia de uma autorização do Estado, e o veiculo deveria ser identificado com as palavras “PARTICULAR” sob pena de multa. Porém há quem acha que privilegio é receber um carro comprado pelo seu próprio pai.

Alguns conceitos para entender o assunto:

A- Castas são tipos de personalidades que se adaptam a diferentes papeis e classes sociais, apenas na India é que há uma tentativa milenar de fixar as famílias que pertencem as diferentes castas.

As classes sociais são porções necessárias para o funcionamento de cada sociedade: Elite organiza o conjunto (estratégico), Classe media executa e gere o dia-dia (táctico), e o Povo são aqueles que mesmo não tendo participação directa na sociedade, são as pessoas que são mais compatíveis com ela. Este livro ilumina o assunto: https://roboredo.home.blog/2021/07/04/resenha-do-livro-les-cent-prochains-siecles-raymond-ruyer/

A Elite não se limita a actividade Política, são as pessoas necessárias para que a sociedade funciona, por exemplo a Jessica Pitbull é necessária para o funcionamento da sociedade Angolana, pois a promiscuidade é um elemento essencial de nossa cultura, e por isto tem que ter alguém que ensine as jovens mulheres que é normal desprezar a castigada. O meio de educação é o kuduro, e a professora é Jessica.

Chegamos agora na parte mais importante, o que leva um Privilegiado a ser contra o Privilegio ?

1- O Peso da Responsabilidade: Não és livre como os não privilegiados, teus antepassados fizeram grandes feitos e não se espera outra coisa de si. Porem se o privilegiado inveja a vida sem preocupação do não privilegiado, o segundo inveja a vida sem dificuldade financeira do primeiro, sem saber que o dinheiro traz muitos traidores e outros problemas. O pasto é sempre mais verde do outro lado da cerca. Pode ser o medo do fracasso.

2- Atrapalhar a concorrência: já tendo os benefícios da concorrência, o privilegiado antigo não sofre as consequências de sua ideologia do mesmo modo que o privilegiado novo, pois este ainda está em contacto com “a classe oprimida”. Por isto é comum o fenómeno de esquerda caviar e conservadores de classe média, e esta segunda é apelidada de(pobres upgraded que não tem consciência de classe, etc.

3- Acalmar a consciência: É mais fácil desfrutar do seu dinheiro com consciência calma quando se sinaliza virtude. O Privilegiado continua privilegiado, e o não privilegiado se sente mais feliz, a vida segue. Quando é serio, o gajo larga todos os bens e vira Buda.

4- Conquistar o poder: neste caso o objectivo é de angariar a simpatia da classe baixa para que sirvam de aliados contra outra parte da Elite. Isto foi o roteiro da Revolução Francesa e o que o Luaty Beirão faz da Vida.

4- Liquidação: A Pessoa sente que esta na casta errada, e quer ir aonde se sente bem, mesmo que ele tenha de destruir a si ou ao legado familiar. Os seus parentes podem até tentar lhe salvar com tudo: mesada, clinica de detox, etc … Nada impede um homem de ir ao seu destino.

Parece impossível porque as pessoas acham que as castas são fixas, mas na verdade a função é fixa, mas tem um numero limitado de pessoas capazes de a ocupar, e se por algum motivo biológico ou psicológico, não és capaz de o fazer, não vais aguentar a concorrência de quem que e vais procurar sair.

És valioso para tua família por que tens algo que ninguém: Um motivo imutável para ser leal. Família vai tentar te proteger e te resgatar caso saias do caminho.

Até a UNITA, um bando de mortos de fomes incompetentes, percebe este principio e pratica o nepotismo nos seus cargos chaves.

https://www.angola24horas.com/opiniao/item/18354-nepotismo-na-unita

O Individualismo extremado é mesmo uma ideologia de pobres, e por isto que sempre vão ser pobres. Parece que só se lembram da solidariedade familiar para parasitar o dinheiro de quem conseguiu o sucesso. Enquanto que a Elite é como um Barcelona desta vida: Tem varias equipes, incluindo selecção A e B dos casulinhas, aonde cultivam novos talentos.

5- Nem ter tempo: Este motivo é apenas racional, não é nem altruísta nem cínico, pois sabendo o quão burro são a maioria das pessoas, não queres perder tempo lhes explicando que é o teu direito estar aonde estas, e voce lhes diz o querem ouvir que não vai mudar nada mesmo na tua e na vida deles. Confesso que sinto a tentação de fazer isto com os Afrocentristas: Sim até os chineses eram negros, agora vira que quero trocar de posição.

6- Uma mistura louca de todos estes assuntos: Pois a maioria das pessoas são de camadas da personalidade baixa, não tem a capacidade de distinguir entre a realidade e sua imaginação, entre seus distintos sentimentos. Se isto acontece com alguém da Elite, então ele já esta a caminho do proletariado. Existem 12 camadas da personalidade, desde o Adolescente idiota até ao Santo.

Esta confusão toda foi causada por este tweet:

Os desabamentos de prédios em Luanda: o Despertar do Desejo da Kianda, entre resenha e reflexão.

O Desejo da Kianda (1995) é uma alegoria sobre o colapso da ordem social de modo geral, entrelaçando três colapsos na sua narrativa: histórico, social e pessoal.

A história se desenrola no período de transição do sistema do Partido Único para o Multipartidarismo em Angola, entre 1988 e 1994. Apesar de ter sido escrito em 1995, tem elementos quase proféticos sobre acontecimentos do presente, que são na verdade tendências já presentes e que ainda não tinham chances de florescer. Demonstrando na prática o segundo tema do livro: o problema do conhecimento na sociedade.

O primeiro colapso é de ordem histórica, pois os prédios de Luanda, os maiores e mais visíveis vestígios materiais da ordem europeia em Angola, passam a ruir sem que ninguém saiba por quê, um atrás do outro, com um número maior de desalojados. Na história, isto é explicado pelo desejo da Kianda da lagoa do Kinaxixi de escapar para o mar, cansada do túmulo feito pelos Brancos Portugueses, que entulharam sua casa e colocaram uma campa sobre ela, construída de prédios que cercam a monumental estátua da Vitória Guiando os Soldados Portugueses e Africanos da Primeira Guerra Mundial. Há nesta alegoria talvez duas mensagens: a primeira é o problema da circulação do conhecimento na sociedade angolana, pois, na história, a sociedade só se apercebe da existência do problema, chamado de “Síndrome de Luanda”, quando este foi informada pelas páginas do New York Times. Antes disto, cada luandense até poderia ter notícia do desabar do prédio, porém era apenas no momento fugaz, em um mundo que só existe no presente, rapidamente esquecido em um passado que parece quase contemporâneo de Cristo, e por isso pensar no futuro é quase impossível. Conhecer requer ter consciência do que está acontecendo e por que um fenómeno pode acontecer ao longo de um tempo dilatado, alguns meses ou mesmo anos, requer que a sociedade tenha pessoas com a paciência e a dedicação para guardar estes momentos todos. Não se trata apenas de ter “cientistas”; aliás, na trama, os cientistas angolanos são perfeitamente inúteis, apesar de terem a virtude de, pelo menos, serem mais baratos que os estrangeiros, e não conseguem sequer explicar o que está a passar. Cada um explica o que se passa usando da monomania de sua área de estudo: o biólogo acha que é uma bactéria, o político que é um sabotador da CIA, para o físico problemas de gravidade e claro que para o pastor é ausência de dízimos no cofre de sua igreja.

A única pessoa que poderia saber, o escritor, que é o observador das tendências e dos eventos, permitindo a sua intelecção além da fugacidade do momento, e com o tempo para fazê-lo porque tem a chance de ter uma sinecura, mesmo que a da história seja acidental e dependa de uma mulher feia, está preso em vídeo jogos de computador e tive que verificar a data de publicação da primeira edição porque parecia que ele descrevia os viciados de hoje em dia. A única pessoa que sabe o que está acontecendo é uma criança que ouve e tenta memorizar o canto aterrorizador da Kianda, revelando progressivamente ao longo da história, a segunda forma de escapar da fugacidade do momento, mas não tem referências para perceber seu sentido. Depois, ela cruza um velho, representante do conhecimento das gerações passadas africanas, que são necessariamente condensadas em tradições, pois o suporte físico em que são registadas, as memórias no cérebro humano, não permite o volume e a precisão do texto escrito em papel. Apesar do destino juntar estes três portadores do conhecimento, a criança portadora de intuição mágica, o velho do conhecimento condensado e o escritor que captura a essência da época, o desastre final não é evitado e a Kianda escapa.

Caso o Pepetella não tivesse optado por um tom humorístico e tivesse reduzido o peso da história, por exemplo, as pessoas que ocupam os prédios desabados são magicamente poupadas de qualquer moléstia, esta ideia daria uma excelente história de horror do estilo de Patrick Nguema Ndong, se o nosso protagonista decidisse apaziguar a Kianda com algum sacrifício humano. Isso foi uma oportunidade perdida de falar do tema do valor que se dá à vida humana em Angola, pois quando o casal pondera se deve abandonar o apartamento, sabem que não correm risco de vida, pois nenhum dos desabamentos causou vítimas, as pessoas flutuam magicamente para o chão. Teria sido muito mais poderoso se houvesse um risco real de morte e se este fosse suficiente para justificar abandonar seus novos bens de consumo. Além disso, uma mulher escapou milagrosamente do desabamento que aconteceu na rua Comandante Valodia em 2023, carregando um bebê ao colo, sem se saber o que fazia dentro do prédio sendo que este tinha sido evacuado pelos bombeiros. Aliás, a vida humana é de um preço tão baixo em Angola, que a única preocupação com vítimas mortais era dos activistas que estavam sedentos por alguma “mentira do governo” que pudessem usar para fins políticos.

Muitas vezes se ouve no comentário político angolano que o governo não deveria demolir construções anárquicas porque “viram as pessoas a construir”, como se o governo ou a sociedade conhecesse algo como uma pessoa sabe algo, estendendo-se às vezes a outras actividades ilegais. Porém, existem em Angola pessoas que fazem o trabalho de memória que permite conhecer o que se passa?

Sem essa apreensão do conhecimento, além do momento, e sua transmissão de uma geração a outra, a sociedade esquece as soluções para os seus problemas, o que leva a uma progressiva deterioração de seu meio social e material que depois desmorona misteriosamente. No caso angolano, a transmissão foi interrompida pela independência e impedida pela propaganda anti-portuguesa, muitas vezes abreviada em anti-branca, adoptada por todos os movimentos de libertação nacional, até mesmo aquele que mais tinha absorvido a cultura portuguesa, o MPLA, talvez por um reflexo histérico pois temiam nunca serem vistos como legítimos pelos outros angolanos, e aliás ainda são chamados de “assimilados” e “novos colonos” pelos seus adversários da UNITA e da Sociedade Civil, esta última vestígio da extrema-esquerda do MPLA ressentida pelo 27 de Maio. Na trama, essa antipatia primária contra o que é português aflora nos comentários racistas deste ou daquele personagem, e na repetição da mesma propaganda anticolonial.

Devido a essa interrupção na transmissão de conhecimento, evidenciada em uma crónica de Pepetela sobre jardineiros que destruíram as árvores de sua rua, embora tenham recebido como legado uma cidade moderna e bem construída, os angolanos são incapazes de mantê-la, pois os problemas inerentes à gestão de uma cidade nunca foram enfrentados antes na cultura africana. Afinal, decidimos que a presença de quem sabia era intolerável, afinal, são 500 anos de escravidão, e por isso fizemos o que já sabíamos fazer: construir aldeias, só que entre prédios em vez de imbondeiros. A solução adoptada pelo Dubai, de usar a receita petrolífera para construir e manter cidades modernas do zero com mão de obra estrangeira.

Iria apenas esconder o problema e criar outros absurdos, pois ninguém pode saber algo por procuração. Pepetela anuncia profeticamente os desabamentos em série dos prédios de Luanda, que se intensificam agora em 2023, tanto pela falta de manutenção, quanto pelo abuso, como por exemplo armazenar e usar geradores eléctricos dentro do prédio, causando vibrações que destroem e alteram as paredes dos apartamentos. Os prédios de apartamentos de Luanda são uma espécie de favela vertical, com até dois andares construídos sobre blocos existentes construídos pelos portugueses antes de 1974.

Um dos personagens explica a ausência de manutenção devido ao pouco valor dos prédios, pois os moradores os receberam de graça e o Estado não os construiu, assim como pelo abuso dos moradores do prédio, não mencionado explicitamente, mas implícito nas loucas obras feitas pela mulher do protagonista, que incluiu modificações de paredes e construção de vivendas no terraço dos prédios. A manifestação mais completa do problema é o desaparecimento do Mercado do Kinaxixi, não por desabamento, mas pelo martelo demolidor nas mãos da filha do Presidente de Angola. Plantada na mente a ideia do anti-lusitanismo e elevado o colonialismo a condição de mal absoluto, seguiu-se logicamente que não fazia sentido “tolerar” seus símbolos em público, sendo que a estátua da Liberdade do Largo dos Kinaxixi, ladeada dos Soldados Portugueses e Angolanos que lutavam para defender Angola durante a Primeira Guerra Mundial, foi retirada e substituída por um tanque soviético que representava a vitória do MPLA na “Segunda Guerra de Libertação Nacional”, quando venceu as batalhas do Kifandongo e Gabela. Com o fim do Partido Único, este evento “saiu da memória”, e foi substituída por uma Estátua de Njinga Mbande, afinal o pais precisava de novos Heróis Africanamente Africanos.

Porém a filha do Presidente do Antigo Partido Único, vivo quando se deram os quando da Segunda Guerra de Libertação Nacional, decidiu demolir o Largo e o Mercado do Kinaxixi em 2008, erguendo eu seu lugar um Shopping, o monumento ao novo Símbolo Nacional. Sendo que não há transmissão cultural nem na primeira familia do pais, que esperança que existe nas que estejam mais baixas. Talvez não haja lugar para largos no vernacular urbano de Angola, pois estes largos são muitas vezes ocupados ou fechados ao publico por meio de cercas, como acontece com o largo da Administração Municipal de Viana. A carcaça do tanque soviético e a estátua de Njinga Mbanda foram postas no Museu das Forças Armadas, dentro da Fortaleza de São Miguel, aonde estão escondidas as estátuas Portuguesas que adornavam Luanda antes de 1974.

Um artista capturou, com sombras, a transição do largo nos últimos 100 anos.

Não se trata aqui de uma “crítica”, no sentido angolano da coisa, que é dizer coisas negativas para ganhar vantagens políticas, mas apenas constatar que não existe permanência na memória angolana, e temer que, em um futuro próximo, se passarmos para outra era, os símbolos da Terceira República também sejam apagados, em nome de um desejo de manifestar o poder do presente, livre de quaisquer amarras e obrigações com o passado. Luanda é, na verdade, um campo de ruínas, porém, ao invés de estar coberta de lianas como Angkor Vat, está coberta pelo betão das construções de seus novos moradores, e em mais algumas décadas, desaparecerá.

Ao primeiro colapso histórico, adiciona-se um colapso social, que é poucas vezes discutido na sociedade angolana. Pois se a sociedade angolana do Partido Único não era perfeita, pelo menos funcionava dentro da área reduzida sob o controle real do governo e porque era aplicado a uma população menor e minoritária a nível do país. No tempo do Partido Único, tínhamos transporte público gratuito para crianças, me disse uma vez um amigo. Agora o governo não consegue fazer esta coisa tão simples, mas agora a escala da sociedade angolana sob controle do governo é maior, em várias ordens de magnitude. Muito se fala da guerra de 1992, mas pouco se fala de suas consequências por uma desconfiança que seja apenas desculpas para encobrir a incompetência e roubos do partido no poder, és do MPLA, vai-te perguntar um angolano com olhos brilhando de histeria. Porém, Pepetela capta os efeitos desta decisão de modo claro, mesmo que deixe passar a oportunidade de as mostrar de forma mais viva, pois esta representa a queda de uma ordem social e moral. Os códigos do passado já não são válidos, novos devem ser adotados às pressas e ao mesmo tempo que as pessoas fazem tudo pela sobrevivência porque temem que a UNITA irá tomar as cidades.

Em Angola, evita-se discutir o papel da UNITA na destruição da cultura e do tecido social, em parte porque reflexivamente as pessoas desconfiam que tal conversa seja apenas propaganda do MPLA, que quer se desculpar de tudo sob a desculpa da guerra, não que este reflexo seja de todo irracional e o MPLA seja culpado de abuso de propaganda. Porém, ao criar a situação de guerra em 1992, que não era inevitável e foi conscientemente escolhida por Savimbi, introduziu na cultura nacional vários aspectos negativos: o culto dos chefes máquinas, dólares em abundância, os generais às pencas, ostentação e talvez até mesmo o bordel, na sua tentativa de provar o seu poder dentro da capital.

Esta situação foi possível pela decisão de um homem, Jonas Malheiro Savimbi, porém é uma extrema falta de respeito passá-lo por qualquer processo de crítica, mesmo que seja branda e não angolana, pois o país precisa de um herói. Não sei como teria sido Angola sem a guerra de 1992, porém é evidente que foi o momento chave para liquidar e cristalizar os diferentes componentes da cultura nacional.

Ao colapso histórico e social, junta-se um terceiro, o pessoal, no caso do casal Evangelista, composto pela Deputada Carmen e pelo Pacheco Evangelista. No final, a confiança que tinham um no outro é quebrada e o que parecia ser apenas coincidências se revela em traição de confiança e mentiras.

Infelizmente, Pepetela tem um pouco do mau gosto e infantilismo que iria se revelar de forma explícita na série “Jaime Bunda”, mesmo que seja talvez um sacrifício feito no altar da burrice nacional com a esperança de que seus livros fossem lidos, pois ele quer realmente nos dizer algo importante. Ele vive seu destino de escritor, seu dever de memória da sociedade. Aliás, o livro tem vários momentos proféticos, por exemplo, sugere o crescimento do movimento LGBT em Angola, com uma menção humorística a um casal constituído de um ministro e de um cantor. Antecipa o fenómeno Angofoot, em que queremos ganhar milhões sem nada fazer, e ainda o fenómeno do activismo cívico histérico: não quer saber o que causa seu sofrimento, quer apenas o fim do sofrimento, mesmo que seja pela destruição do pouco de ordem social que resta. No livro, foi por meio de um protesto nudista que liquida a moral sexual em nome da mudança política. A Doutoramania e os “No que tange” também fazem uma aparição no livro, quando dois doutores em Direito, mais preocupados com suas palavras do que com a realidade, continuaram seu debate em meio ao desabar de um prédio…

Os cientistas inúteis, apresentados humoristicamente na narrativa de Pepetela, manifestam-se na realidade, e vou arriscar uma aposta de que aquilo que foi pomposamente chamado de “obra”, um livro coordenado pela arquitecta Isabel Martins, os arquitectos Roberto Machado, Maria João Grilo e Isabel da Silya Martins, com a colaboração de mais de 200 finalistas do curso de Arquitectura do departamento da Arquitectura da Universidade Agostinho Neto, lançado em 2010 com o título de “Arquitectura de Luanda”, que trata da arquitectura entre os séculos XVII e XIX com destaque para a arquitectura militar, religiosa, residencial e pública, não tem a mesma qualidade do que o estudo feito por pesquisadores espanhóis da Universidade Alcalá, sobre o mesmo tema “La Modernidad Ignorada: Arquitectura Moderna En Luanda”.

Não porque os espanhóis sejam mais inteligentes ou porque tenham mais dinheiro, o único ingrediente para melhorar a educação segundo os angolanos, mas porque ninguém estuda seriamente aquilo que despreza, e muitas vezes ignoramos aquilo que desprezamos, especialmente quando aquilo nos importa apenas como estopim de ódio que sirva de contraste para a nossa virtude. Lembram do Velho e da Menina que ouviu a sereia? A sua história não despertou a curiosidade do nosso protagonista, que estava com pressa de voltar aos seus jogos de computador, ou seja, sem um espírito curioso, a própria actividade intelectual é apenas um ritual, e o nosso herói era tido como erudito pela comunidade quando, na verdade, estava apenas a conquistar Babilónia em algum predecessor do “Age of Empires”.

Talvez esse desprezo pelo passado seja uma contaminação da cultura portuguesa, não no sentido de desculpa de mau pagador que se exonera de suas responsabilidades usando o colonialismo, elevado ao estatuto de mal absoluto e bicho-papão. Uma vez, o Ministro da Justiça disse que a corrupção era causada pelo colonialismo e o chefe da Defesa Civil disse que o desabamento da sede da DNIC em 2008 era culpa do colono por ter “construído sobre um lençol de água”. Refiro-me ao fato de que a própria cultura portuguesa dos anos que antecederam a independência de Angola, na qual foram educadas as elites angolanas, rejeitava a sua própria história em nome do progresso e do poder da geração presente de moldar o futuro sem embaraço.

Esta ideia da tirania do presente, foi apresentada, no caso brasileiro, no livro de Olavo de Carvalho sobre o “O Futuro do Pensamento Brasileiro”.

Isso se manifestou na arquitectura, por exemplo, com o Bairro do Prenda. Chamava-se a Unidade de Vizinhança nº 1 da Cooperativa Precol, agora Bairro Prenda, concebido por Fernão Simões de Carvalho e Luiz Taquelim da Cruz (1963-1965). Organizado de acordo com o sistema das “7V”, proposto por Le Corbusier, o bairro conjuga diferentes tipologias destinadas a diferentes grupos sociais e étnicos. Porém, ninguém achou necessário consultar os membros destes distintos grupos para saber se estavam interessados em coexistir no mesmo espaço e muito menos por quanto tempo. Os habitantes portugueses puseram-se em fuga logo que as Forças Armadas de Portugal retiraram-se de Angola. E os angolanos que triunfalmente ocuparam os prédios, aqueles que ascenderam à classe média abandonaram seus apartamentos, apesar de estarem localizados no centro de Luanda, não suportando a insegurança dos musseques circundantes.

Afinal, Le Corbusier não imaginava tamanha quantidade de pobres. Alguns fugiram para as periferias da cidade, na cidade dos ricos chamada de “Luanda-Sul”, da história de Pepetela. E outros seguiram a mesma rota que os portugueses, comprando casas e apartamentos em Lisboa. Enquanto isto, os prédios do Prenda estão a dar sinais iminentes de desabamento, em Abril de 2023.

Seria fácil se fosse apenas um problema de “elite”. O povo miúdo não quer saber de histórias complexas de zonas verdes ou reservas. Terreno vago é para ser construído, e se o azar lhe der dinheiro, o terraço do prédio também é terreno.

A maioria dos blocos de apartamentos coloniais modernos de Luanda foram construídos entre 1950 e 1970. A rápida degradação sob proprietários angolanos e administração pública é replicada nas Centralidades construídas pela China: canalizações entupidas por serem usadas como depósito de lixo e usadas para escoar águas com alimentos, torneiras abertas que causam inundações e infiltrações, obras não autorizadas que destroem paredes estruturais e causam vibrações. Às vezes, o problema do Dubai se manifesta quando os chineses usam um sistema de esgotos que é funcional em seu país, mas que rapidamente se fissura e é incapaz de escoar o resultado das chuvas de Luanda.

Não significa que o Desejo da Kianda, este desejo de voltar à essência Africana de Angola, seja de todo uma má coisa, mas que desejamos viver com as benesses e comodidades da existência em uma civilização técnica de estilo ocidental, mas sem querer a praticar de modo ativo, nos limitamos a comprar chave na mão o que precisamos, e por isto cada desabamento e retorno ao passado, que não é de 1482, mas sim de 1890, é vivido de modo dolorido.

Do mesmo jeito que a aldeia cresce à volta da cacimba até ela secar, ou mesmo que seja perigoso estar tão próximo por causa dos mosquitos, sem que nunca alguém pense em construir um canal, a proximidade à cidade é explorada a todo custo, mesmo que isso comprometa a sustentabilidade dos prédios. Estruturas adicionais são construídas no terraço dos prédios: vivendas inteiras, tanques de armazenamento de água (muitas toneladas) ou antenas de comunicação.

Sendo que os prédios do tempo colonial vão brevemente desaparecer, talvez até 2040, quanto tempo vão durar as centralidades construídas pela China? Até 2060, talvez?

Tivemos a sorte de Portugal construir os primeiros e dos chineses os segundos, haverá uma terceira vez?

Luanda não nos urbanizou, nós a transformamos em uma sanzala.

O desabamento do prédio é um sintoma da alta preferência da cultura de Angola: preferimos consumir tudo que for possível no presente, sem nos preocupar com o futuro, seja na forma de poupança ou ao gastar dinheiro para preservar um bem para o futuro. Vivemos como se só existisse o presente, como se o futuro não fosse o nosso presente. Talvez isso seja representado na história de Pepetela pela ausência de um filho no casal Evangelista, pois esta é a representação material mais palpável do futuro na vida das pessoas.

Podem ler o Desejo da Kianda gratuitamente no Internet Archive, e compre um livro de Pepetela, de preferencia novo, se puder, pois assim o autor é recompensado. https://archive.org/details/odesejodekiandar0000pepe/mode/1up?view=theater…

As greves constantes é a politica do Ensino Superior da UNITA.

As greves constantes é a politica do Ensino Superior da UNITA.

As greves constantes no Ensino Superior são parte da politica do Ensino Superior da UNITA, o que parece ser paradoxal porque esta partido não esta no governo, porem governar é gerir parte da sociedade por meio de seu poder, que é a capacidade de ser obedecido pelas pessoal, sendo que a UNITA decidiu que os alunos do Ensino Superior Publico não devem assistir aulas. Porém as noticias sobre as manifestações realizados no dia 17 contra o Governo do MPLA e em prol do recomeço das aulas, pelo Movimento dos Estudantes Angolanos (MEA), e com resultou com a detenção do seu presidente pela ilegalidade da mesma nos termos das leis, e o protesto da Associação dos Estudantes da Faculdade de Medicina da Universidade Agostinho Neto, não mencionam este facto importante. Isto deixa a impressão nos leitores que os protestos foram organizados porque as condições do Ensino Superior são realmente péssimas ou inaceitáveis.

A realização de greves constantes foi decidida pela UNITA e anunciada aos seus parceiros no Discurso da Terceira Revolução Angolana (TRA) proferido por Kamalata Numa em Novembro de 2020, Sendo que o Sindicato dos Professores Angolanos (SINPROF), o MEA e outros associações de Estudantes estavam na plateia, não manifestaram oposição e estão a agir em conformidade com o plano. O Plano do Numa é de realizar greves permanentes que possam gerar um estado de crise permanente e um fluxo de noticias negativas contra o governo, por meio de caderno reivindicativos irrealistas ou vagos, e dizendo aos grevistas que devem negociar de má fé para evitar que se chegue a um acordo. Pois o objetivo não é resolver os problemas que são alegados com este governo do MPLA, mas de “ajudar a UNITA a chegar ao Poder” por meio de publicidade negativa, porque a UNITA vai resolver todos os vossos problemas”. Seria o equivalente aos trabalhadores da AngoReal entrarem em greve para levar a empresa a falência porque a MACON vai comprar o negocio e resolver todos os seus problemas. Alguns dos pontos do caderno reivindicativo do SINPROF são absurdos, por exemplo o fim de uso das batas, e a “não à mercantilização do ensino, pois em Angola há mais colégios privados que escolas públicas”, especialmente esta ultima pois com o fim do sistema comunista e adopção do sistema de mercado ensino privado é legitimo e não é da conta do SINPROF, ao menos que falemos das bancarias. As sucessivas greves também não fazem sentido quando 7 dos 10 dos pontos do caderno foram atendidas pelas Ministerio da Educação (MED), normalmente a resolução de pontos de cadernos revendicativos devem levar ao fim da greve e do conflito laboral, porem como o SINPROF foi instruido a negociar com má fé, pois “todos os problemas vão ser resolvidos com o Governo da UNITA”, mantém um radicalismo e ritmo de greves como houvesse falta de negociações.

Sabendo disto fica mais fácil perceber o porque de repetidas greves em instituições publicas, por exemplo o Sindicato dos Enfermeiros esteve presente na reunião da Terceira Revolução Angolana e esta a se comportar como o SINPROF, porem existe também um efeito de contagio em que Sindicatos que não estavam presentes, pelo menos de modo publico e não há provas que aderiram ao plano de modo privado, como o Sindicatos do oficiais de justiça, e para impedir um contagio na Policia o Governo aumentou de modo preventivo o salario dos effectivos da Policia em 2021. Alias sabendo se que os Sindicatos estão agindo de boa, cumprindo uma agenda politica, entende-se que o governo tome uma postura mais agressiva com o corte de salario para Enfermeiros Grevistas e a substituição de professores grevistas por outros funcionários do MED no controle das provas, como auxiliares de Limpeza, e ameaça passar a descontar salários por ausências não justificativas, o que foi apontado como “uma falta de respeito ao sector” pelo MEA, que nunca esta longe nesta historia. Porém sem saber-se este dado ficamos apenas com a impressão que o “governo esta a ser maldoso contra funcionários públicos que pedem melhorias para o bem de todos”.

Sim, a UNITA ainda não esta “no Poder”, ou seja no Governo, porém influenciou um aumento generalizado dos salários da função publica em uma conjuntura económica mundial marcada pelo aumento de custos e queda de produção, e tenho a certeza que o FMI provavelmente advertiu contra estas medidas porém o Governo do MPLA deve ter justificado as mesmas como politicamente necessárias, e aceite outras medidas de rigor orçamental para compensar, pense em algo como o fim do subsidio dos combustíveis. Mesmo que esta ultima medida seja objetivamente salutar na minha opinião. Sendo que é provavel que o MPLA esteja consciente da manobra, e o Celso Malavoloneke escreveu sobre o aumento da intolerância politica na oposição, que é um dos sintomas da TRA , porém obvio que vai descontado como falando apenas para “defender o seu partido”, e ninguém esta disposto a ouvir o que é contrario a sua narrativa favorita, algo paradoxal para quem diz lutar pela Democracia, pois esta sem livre debate é igual a casamento sem Amor.

Porém o aumento de custos com pessoal, tanto por causa do aumento de salários individuais como pelo aumento do numero de funcionários públicos para “mostrar trabalho”, tem como consequência direta a redução de dinheiro disponivel para investir em infraestruturas necessárias. Isto não esta no programa da UNITA, porém uma consequência directa de uma decisão que tomou, porém esta decisão não é conhecida do publico e ninguém pede contas a UNITA pelas consequências de sua decisão, pois vigora em Angola a ideia que um partido só tem acção politica quando esta “no Poder” e controla o governo, o que é conveniente pois impede qualquer critica contra UNITA e apresenta a sua ascensão ao Governo como a única solução possível.

Sendo que chegamos a uma situação totalmente teatral em que o MEA protesta contra o Governo sabendo que a Greve foi ordenada pela UNITA, e isto expõem o caracter fraudulento desta onda de greves: Pois são realizadas com um objetivo, quando na verdade tem outro objetivo escondido que não é apresentado ao publico supostamente beneficiada.

Existe um maniqueismo ingenuo na politica Angolana, que tendo definido o MPLA como o Mal Absoluto, decide automaticamente que tudo que lhe seja oposto como um Bem Absuloto e por isto issento de criticas, sendo que as pessoas não querem aceitar os factos como estão de maneira clara, e vão alegar que as greves são espontaneas e que a UNITA não é culpada, porém os factos são claros: A UNITA decidiu que o tempo e a formação dos alunos do Ensino Superior Publico é menos valioso que seu objetivo de chegar ao Poder por meio de uma serie de greves que crie má publicidade para o Governo do MPLA, porque esta confiante que vai conseguir resolver todos os problemas quando chegar no Poder. Porém isto inclui os problemas dos alunos do ensino Superior que criou ? Os alunos não foram consultados e não o direito de escolher se querem estudar ou participar na greve.

O Poder é a capacidade de mandar as pessoas fazer algo, seja por persuasão ou por imposição, e governar é usar o seu poder para administrar parte da sociedade. Sendo que a UNITA usou o seu poder, claro que limitado e menor relativamente ao poder do MPLA, para sacrificar a formação superior de Angolanos possivelmente pobres, porque se fossem de classe media talvez estariam de certeza em uma universidade privada, porque isto lhes permite gerar publicidade negativa contra o MPLA. Isto é a politica de Edução Superior da UNITA neste momento, mesmo que ainda não esteja no Governo, o que chamamos corriqueiramente de Poder.

Este dado essencial da situação actual não é discutido e alias negado por parte dos interessados, não por que é mentira mas porque revelar seu plano é inconveniente. Vou deixar uma pergunta para o leitor: Se fora do Governo a UNITA acha normal usar a mentira e ter agendas inconfessas para atingir seus objetivo, tendo apenas um poder informal e parcial, irá se comportar de maneira diferente dentro do Governo ? Dizer que o MPLA faz o mesmo não é uma resposta legitima, cada parte da nossa sociedade tem de corrigidas para o bem de todos, fazer o mal sob desculpa que o outro o pratica apenas garante que o mal vai vencer. A Democracia não se resume simplesmente a escolher seu governante por meio de eleições, pois o direito de escolher não tem sentido se não existe um respeito pela verdade.

Pode assistir o Discurso sobre a Terceira Revolução Angola neste atalho, e tirar as suas conclusões:

A fraude de Demarte Penna.

A fraude de Demarte Penna.

Recebeu reconhecimento Publico quando conquistou menos, não é campeão Mundial, e esta a pedir esmolas ao invés que conquistar publica e patrocínios.

Demarte Penna usou a sua vitoria em um torneio de MMA para reclamar que os “os Angolanos só falam, não ajudam estou aqui a trabalhar sozinho”. O apelo foi ridículo por tres motivos.

Primeiro porque sugeriu uma falta de reconhecimento oficial, acusando os órgãos de media oficial de não divulgar a sua vitoria antes sequer ser possível fazer-lo por ele ser neto do Savimbi, o que não é verdade pois o atleta foi condecorado em Novembro de 2018, pelo Presidente da República, João Lourenço, com a Medalha de Bravura e de Mérito Civil e Social de 1.ª Classe quando seus feitos ainda eram menores. Sendo que o Demarte fomentou odio politico ao politizar de forma gratuita a sua vitoria, para beneficio proprio. Muito egoismo para quem vai depois pedir solidariedade em nome da irmandade e patriotismo.

Segundo porque a razão real alegada pelo lutador, em entrevista a pagina Oku Saka, que disse que não estava a pedir esmolas mas apenas a reclamar de seus direitos segundo no decreto n° 33/96, no artigo 6° (referente ao valor dos prémios de classificação dos atletas) menciona a atribuição de 15.000 dólares a todo atleta que nos desportos individuais tenha se classificado no 1° lugar do mundial ou jogos olímpicos. O problema é que o titulo que ele ganhou não é sequer mundial, pois a organizadora do Combate, a ARES Fighting Championship, é uma organização Francesa apenas e que o seus combates são apenas mundiais no sentido que convidam lutadores de vários países. O próprio Demarte tem consciência disto quando diz que tem como sonho ir combater na UFC nos Estados Unidos para o outro nível, que é top da pirâmide, o que não seria necessário se ele ja fosse campeão do Mundo de facto, o nome mundial foi usado apenas para fins de marketing e o nosso compatriota acreditou de modo literal. Estados diante de um caso de analfabetismo funcional. O Lado positivo desta historia é que o ministério dos desportos tem pessoas competentes que pelo menos verificam a veracidade dos títulos supostamente obtidos pelos atletas antes de atribuir os prémios, estamos longe da desorganização do Congo Democrático, em que os Anjos da Oposição, que tanto denunciavam a inépcia e corrupção de seus antecessores, conseguiram serem piores, como se viu no caso do desembolso de 100.000 USD pelo Ministério dos Desportos, como prémio para mera participação, para um combate fantasma do boxeador Bokele:

Leiam:

https://7sur7.cd/2023/02/17/affaire-100000-de-bakole-pourquoi-le-ministere-des-sports-sollicite-par-ecrit-un

Imagine um quadro do ministério ser burro o suficiente para desembolsar dinheiro apenas porque alguém ganhou algo que se chama “titulo de campeão mundial” sem que seja realmente uma competição mundial.

Terceiro, em mais uma evidencia de analfabetismo funcional, que é o quadro em que a pessoa não entendo que diz, e por isto dificilmente entenderá o que escreve ou lé, o suposto campeão diz não entender porque que recebe ajuda de Sul Africanos e não de Angolanos. Ou seja esta a pedir esmola, quando antes dizia que não estava a pedir esmola. Mais respondendo a pergunta dele, talvez se deve ao facto de ele ser um residente e praticante de MMA na África, sendo mais conhecido lá do que em Angola, além de pratica um desporto que não é popular em Angola. Existem vários graus de intensidade de popularidade, que vai desde os simples apoio verbal ao apoio financeiro, sendo que o Demarte quer o apoio financeiro de um publico que ele não conquistou e que não se interessa pela modalidade praticada por ele. Mesmo o apoio financeiro indirecto, por meio de patrocinadores que esperam aumentar suas vendas ao associar a sua marca ao Atleta, depende do esforço do Atleta em conquistar o seu publico, algo que o Demarte não fez. Ela esta literalmente a pedir esmola e ajuda, ao pedir dinheiro aos Angolanos apenas por ser Angolano.

Ele é Campeão Mundial do mesmo jeito que há uma bolsa de valores chamada de World Trade Center no Palanca Ele está competir em uma espectáculo de lutas na França, apenas isto, não é uma competição mundial com ranking como no box. Não é campeão mundial

Noah Lyles, campeão mundial nos 100 metros rasos, expressou sua indignação com os times da NBA que se intitulam “campeões do mundo” por vencerem a liga estadunidense de basquete. Ele deveria aconselhar quem acredita que o Demarte Penna é campeão do Mundo de MMA, só porque segue a bala dos activistas da rede social que querem criar um ícone.

Finalmente o lado mais patético desta historia toda é que os combates não são benevolentes, o Demarte foi pago para participar no combate. Se não foi pago o suficiente ele tem apenas a si para se queixar, sendo um homem adulto ele deveria ser responsável das suas escolhas, sendo que ninguém o obrigou a receber socos da cara como profissão. Alias se nota a mesma tendência nos músicos, que uma vezes passada a fama e o dinheiro, pedem esmolas ao publico para cobrir despesas medicas e básicas sob desculpas que “nos deram muitas alegrias”, como se tivessem sido obrigados a serem músicos como os artistas escravos da antiguidade.

Nesta terra, até os que praticam as de Marte dão Pena.

Por Roboredo Garcia.

O povo está cansado de não ter aquilo que não consegue ter.

O que tem em comum as palavras de ACJ, “Angola já não tem um povo que quer sofrer atoa”, do Bispo de Cabinda, “Vivemos uma miséria assustadora”, e do Abílio Kamalata Numa “Não é normal um homem viver na casa dos pais aos trinta anos”?

Exprimem o lugar comum que Angola deveria ser um pais rico, que a pobreza é uma anormalidade e o desenvolvimento um direito. Esta claro que dizem estas palavras para fins de mobilização eleitoral, pois a política de Angola se resuma a explicar porque que somos um pais pobre. Antigamente o MPLA apontava a guerra como causa da pobreza porem, depois da necessidade de afastar a tendência JES, passou a concordar com a oposição que o problema era era mesmo a corrupção. Porem é verdade que a pobreza é anormal em Angola ?



Dito de outro modo, o estilo de vida e a cultura do Angolano urbano permite o estilo de vida ocidental moderno que desejado ? Especifiquei Urbano pois um camponês que vive da agricultura de subsistência não é pobre segundo seus padrões, ele produz os produtos necessários para sustentar seu estilo de vida. Mesmo que de um ponto de vida monetário ele vive com menos de um dólar por dia, e chega a ser uma desonestidade o incluir nas estatísticas da pobreza.

Um dos principio básico da Economia moderna é que devemos produzir para consumir, sendo que parte do consumo do presente é sacrificada para investir na produção de amanha, investindo em equipamentos, conhecimento ou infra-estrutura, porem em Angola levamos esta lógica ao contrario, pensando que temos o direito de consumir independentemente da nossa produção. Alguém, algures, tem que pagar.

Sim sei que estou simplificando as coisas, até certo ponto, porem um exemplo simples de como consumimos sem se preocupar com a produção é que triplicamos a população de 2000 a 2022, passando de 15 a 45 milhões de pessoas, apesar da produção de alimentos tenha triplicado. Ao mesmo tempo que as pessoas choram que vivem em dificuldades e miséria, que a comida esta cara, porem fazem o mesmo numero de filhos que faziam quando a comida era barata. Nos países cujo o estilo de vida desejamos e queremos tanto imitar, uns até emigram a primeira oportunidade, um aumento do custo para a educação dos filhos se seguiu de uma redução do numero de filhos, pois as pessoas entenderam que era melhor ter menos filhos se pudessem lhes dar uma Universitária. A escolha contraria seria talvez valida, porem o que seria anormal é fazer escolhas que tornam impossível o objectivo desejado. Em Angola as pessoas não reflectem sobre o impacto de suas escolhas sobres suas condições de vida, pois a ideologia dominante lhe diz que ele é uma vitima de um sistema, de políticas publicas, um agente passivo. Sendo por isto que perduram em seus erros, os ensinando a sua progenitura, que os perduram, culpando o Estado pela consequência de seus actos.

Outro principio básico da Economia Moderna é a redução dos custos de segurança por meio de uma Cultura de Confiança, sendo que o empresário não precisa gastar excessivamente com segurança pois existe um respeito da propriedade privada, uma bem privado ou uma mercadoria pode ser abandonado sem supervisão por um tempo sem prejuízos. Sim existem criminosos e estes são reprimidos pela policia, porem estes são elementos marginais da sociedade, sendo por isto a origem da expressão “Marginal” que serve de sinonimo para criminosos em Angola. Porem em Angola temos uma cultura de desrespeito generalizado a propriedade privada, sendo que na verdades os Angolanos Honestos é que são os Marginais minoritários, pois tendo a oportunidade de roubar, a maioria dos Angolanos vai roubar. Isto aumenta os custos de fazer se negócios em Angola pois cada trabalhador, transeunte, ou mesmo parente é um potencial rapinador, ora até mesmo os parafusos de caminhos de ferro e de postos de alta tensão são judiados ! Esta cultura da rapina tem respaldo e apologia popular, quando vemos nas redes sociais pessoas justificando os assaltos aos camiões de alimentos, a criminalidade, prostituição, como justa “consequência da fome”. Parece que o estômago cheio é a única coisa que impede o Angolano de se transformar em Vandalo. Tendo em conta que o Governo e o Estado recruta seus funcionários no seio de seu povo, uma pratica socialmente aceitável ira se replicar no Estado, criando um estado de corrupção generalizado. Se a pessoa já é rapinador como cidadão privado, ele não mudara quando membro do Estado.

O investidor tem de gastar parte de seus lucros com segurança e sistemas de controle. Isto acaba sendo mais um custo que adiciona aos custos com transporte, energia, saneamento e impostos que deves pagar para ter um empreendimento em Angola. Sendo por isto que algumas empresas recorrem ao expediente de contratar estrangeiros de países com uma cultura mais honesta, porem isto enfurece aos Angolanos que gritam ao racismo … ao invés de reflectir sobre erros.

Obviamente que será difícil que as pessoas aceitam esta explicação, afinal não tem proveito político para nenhum dos Partidos envolvidos, e pode ate causar antipatia pois ninguém gosta de ouvir que tem culpas. Estou a dizer que o povo gosta de sofrer, que o povo não gosta de trabalhar ? Não, estou a dizer que os hábitos e actos do povo nas ultimas décadas não são compatíveis com o estilo de vida moderno que o povo deseja.

Responder que o Pais é rico em recursos naturais é como dizer que uma ambulância pode prevenir um atropelamento, pois os recursos naturais nos permitem apenas participar da riqueza de terceiros, trocando nosso petróleo pela comida da Argentina e pelos electrodomésticos chineses.
Primeiro, se estes perderem interesse em nossos recursos voltaríamos ao nosso estado de pobreza natural, como aconteceu ao Congo Democrático depois da queda dos preços do Cobre e o do Cobalto na década de oitenta.
Segundo, mesmo que a renda petrolífera fosse redistribuída ao povo, na forma de “boas condições de vida”, no final a população iria crescer até superar as receitas petrolíferas, gerando uma crise, como aconteceu com a Argélia. Isto esta a acontecer em Angola, quando vemos que a população passou de 30 a 45 milhões ao mesmo tempo que a produção petrolífera se mantém a volta dos 1 milhão de barris por dia durante os cinco anos.

A Arábia Saudita é actualmente o único pais produtor de petróleo que esta a tentar escapar da armadilha, sim parte dos “investimentos para diversificar a economia”, na boca de todos Angolanos, mas também por meio de uma mudança cultural que deixa claro que cada cidadão cidadão deve trabalhar produzir o que ele quer consumir, pois o tempo de viver a custa de terceiros acabou.
A pobreza tem de parar de ser um escândalo, as vezes é uma maneira que o universo encontrou para te dizer que estas no caminho errado, talvez tens de mudar, parar de desejar o que não podes conseguir, ou produzir mais para poder consumir. Talvez um quarto filho ou namorada, seja uma má ideia.

Como dizia Ortega e Gasset, “A vida é o que você faz, e o que te acontece”, porem em Angola temos apenas em conta a segunda parte, porque permite a oposição atacar o partido no poder, ao ponto de reduzir a sociedade e as pessoas ao estado de elementos inertes, e permite ao partido no poder fingir ser uma entidade super-poderosa que pode resolver nossos problemas em troca da lealdade.

Notas sobre as reações a polêmica a volta da conversa entre Flysquad e Anelka: Não se deixe calar pela espiral do Silencio.

Os comentários negativos e críticas que muitos tiveram sobre a conversa entre Flysquad e Anelka receberam as respostas abaixo de várias pessoas nas redes sociais:

Não vou aqui tocar nos comentários feitos na entrevista, não sou auditor do programa e outros escreveram melhor sobre isto, irei de tecer, se me perdoam o noquetangismo, comentários sobre reações as críticas feitas ao programa nas redes, que podem se resumir nos seis abaixo:

  1. Ela não é a única, tem vocês só estão a se aperceber disto agora.
  2. Vocês estão indignados, parem de reclamar e eduquem as mulheres de vossas famílias para que não sejam como elas.
  3. Não tem influência alguma ou promoção da prostituição, ninguém exaltou a prostituição.
  4. Fly e Anelka não são obrigados a educar a sociedade, é entretenimento
  5. Educar a sociedade é responsabilidade do Estado e da Escola, não é do Flysquad.
  6. A Anelka é uma vítima da sociedade, um país Desigual produz prostitutas e bandidos.

Estes cinco argumentos se baseiam em duas premissas: a Acão individual é inútil, apenas a política molda a sociedade.

O primeiro e segundo argumento é apenas uma tentativa velada de calar a boca de quem critica, inicialmente ao sugerir que a lutar já é perdida porque o comportamento criticado é normal na sociedade, porem se isto for o caso nunca haveria mudanças em qualquer sociedade e Nova Lisboa seria ainda o nome de uma cidade angolana, antes de sugerir uma ação alternativa que é inútil, ficar quieto e educar apenas as pessoas dentro de sua casa.

A cultura é em um conjunto de reflexos e ideias que se reproduzem de uma geração a outra, tanto por exemplo testemunhado pelo educado como que pelas ideias que recebem ao longo de seus anos inicias, seja de forma explicita ou implícita. Sendo que se limitar a educar as crianças dentro de casa e sem contribuir para que cultura seja compatível a educação dada aos seus filhos é forma rápida de criar uma crise de identidade em sua vida, entre o que aprenderam a ser e o que a cultura diz que devem ser, sendo por isto a fonte das inúmeras histórias de crianças bem-educadas que foram desviadas quando adultos: filhos de pastores, bolseiros, etc.

Obviamente que a contribuição de todos a este processo de construção cultural não é igual, um comentário isolado no Facebook, ou mesmo esta missiva, não vão ter o mesmo impacto que um programa de gravado, que é a essência de um podcast, com milhares de ouvintes. Porem este efeito existe, que pode ser por excitação, quando um inspira outros, seja pelas palavras ou pelos exemplos, ou pode ser cumulativo quando a soma de milhares de vozes ou actos individuais se somam e mudam o curso da história de uma sociedade. Obviamente que o efeito não age de modo igual sobre as pessoas, pois as pessoas têm personalidades diferentes, que podem se resumir em dois eixos: Fazer e ter orgulho de fazer, fazer e ter vergonha de fazer, não fazer por causa da vergonha, não fazer mais não por causa da vergonha. A sociedade consiste em uma tentativa de articular pela cultura estes quatro tipos de pessoas para resolver os seus problemas, especialmente os dois mais importantes: assegurar a sua perenidade e o conforto de seus membros.

Tomadas as devidas reservas e casos particulares, afinal é apenas uma generalização, a reação de cada tipo de pessoa a esta polemica é a seguinte: Os primeiros e quartos, inflexíveis em seus propósitos, dizem que não importa porque nada os fara mudar de opinião, quem vai ser prostituta o será não importa o que oiça, pois assumem que todo mundo tem a mesma força de vontade que eles, mostrando assim uma falta de empatia, que é a arte de saber perceber que os outros são diferentes de si. Se isto fosse verdade não existiriam programas inteiros de influência das massas, tanto públicos como privados, antes pelos meios audiovisuais e agora por meio da internet.

Os segundos, desejando viver finalmente livres de culpas, querem retirar o estigma a volta do assunto discutido, ou ao menos silenciar a critica. Os terceiros, que nunca tiveram coragem de agir por medo da sociedade, se junta ao segundo na esperança de realizar o sonho proibido. A mesma pessoa pode ter e perder estes tipos de personalidade ao longo da vida, a medida que vai se tornando mais madura, ou mesmo regredindo na maturidade, subindo as escalas das dozes camadas da personalidade, que exprimem uma capacidade crescente do homem ter o domínio de si mesmo e do mundo a sua volta.

Um exemplo simples disto foi de uma internauta que notou a “hipocrisia” do Abdiel por agora criticar a Anelka e o Flysquad quando passou a vida a cantar músicas promovendo promiscuidade e ostentação como a melhor forma de se viver, porem talvez ele cresceu e se apercebeu do efeito destrutivo da cultura que o influenciou e a qual participou ao longo dos anos. Afinal não somos todos seres lógicos, convencidos por argumentos e deduções, alguns de nos apenas aprendem apenas com as consequências das escolhas vividas, por nos mesmos ou por um terceiro que nos sirva de exemplos.

Nota-se que o profeta Mohamed dizia que os hipócritas não deveriam ser condenados ou perseguidos, sendo alias amigos dos fiéis, pois a sua hipocrisia era em parte um reconhecimento da superioridade da religião como ideia, apesar de serem incapazes de a pôr em prática, sendo que existe o potencial da conversão ser total ao longo do tempo. Resumindo, você não pode pôr em prática uma ideia antes de ao menos aceitar como valida em sua imaginação. A Hipocrisia é a homenagem que o vicio faz superioridade faz a virtude.

O Rapper arrependido ou o Hipócrita ?

Depois de te dizer que a tua reclamação é inútil as pessoas normalmente vão tentar te calar pela vergonha, dizendo que é vergonhoso que um jovem inteligente como si tenha certas ideias por serem antiquadas, idiotas ou te tornarem cúmplice de algum grupo de malfeitores.

Resumindo estas pessoas querem o teu silencio para atingir os seus objetivos pessoais, que por efeitos cumulativos vão se tornar os objetivos da sociedade. Esta tactica, chamada de “Espiral do Silencio”, segundo a proposta de 1977 pela alemã Elisabeth Noelle-Neumann, se baseia na ideia que os indivíduos omitem sua opinião quando conflitantes com a opinião dominante devido ao medo do isolamento, da crítica, ou da zombaria.

Podem ler sobre o seu uso no caso brasileiro: A superioridade dos piores.

A Espiral do Silencio pode ser usada por um grupo colectivo para atingir os seus objetivos, que pode as vezes ser de modo indirecto, em que a ação individual é negada a favor da ação politica, que é por definição dirigida por uma elite, como sendo a única forma de ação possível. Primeiro se esvazia a pessoa de qualquer responsabilidade individual, seja pessoal ou de seus progenitores, para depois colocar as mesmas sobre as costas dos inimigos do Partido.

É uma forma de escravatura, em que teus impulsos morais e emocionais são colocados ao serviço de um plano conduzido por terceiros, com resultados futuros e hipotéticos, em troca da tua inação. Resumindo, um partido que diz defender os pobres não tem interesse que estes saiam da pobreza pelo seu próprio esforço pois assim deixam de ser militância gratuita e não vão ter qualquer gratidão ao partido, e pelo contrário serão orgulhosos de si mesmo.

O que nos leva ao texto da Tchenguita Tchihuaku, que faz algo na UNITA, que manda os críticos moralistas calarem a boca porque a Anelka é vítima da sociedade, pois “Um país desigual não gera outra coisa se não prostituição e criminalidade”, sendo que, sorte nossa e providencia divina, o Partido dela tem a solução magica para resolver esta desigualdade. Concluindo que “TUDO NESSA VIDA É POLÍTICA!”, o que na prática significaria que viveríamos todos sob o comando dos políticos até ao fim dos tempos.

A realidade não importa para quem tem o poder como objetivo, e a manipulação das pessoas pela emoção como meio, basta ver que esta provado por estudos que a criminalidade é causa da pobreza, ao invés do contrário, pois é uma das expressões de comportamentos antissociais que impedem a criação de riquezas. Segundo porque ao retirar a responsabilidade individual as pessoas, colocando a culpa no seu concorrente político, ela excita o crime pois aqueles que não o pratico por medo do opróbrio se sentem agora livres de agira e as vezes o fazem como se fosse um acto de “justiça social” por mãos próprias. Resumindo ela excita o problema que diz querer resolver porque o problema é o cavalo de batalha que precisa para vencer.

A Cultura é como uma lagoa rodeada de cubata, os moradores não podem se abster totalmente dela, afinal precisam pescar e ter água para beber, porem devem viver com os outros moradores atiram para a lagoa, se uma fabricar lançar toneladas de lixo tóxico na água, ou milhares de moradores o fizeram de modo cumulativo, cada um contribuindo com seu balde de excrementos, o resultado final será a destruição do bem comum.

Não se cale, faça parte do debate, podes ser a semente que salvara uma alma, sua ou alheia.

Actualização de 20 de Janeiro de 2022.

Angola 2022 Electon: The Third Angolan Revolution, UNITA Plan

The 2022 election is wrongfully painted as a democratic contest between the Rulling MPLA party and the Democratic Oposition led by UNITA, it is in fact a life and death struggle between the forces that led the process of nation building of the Angolan State and those was that Total Power to recreate the State, since they see the first as not being suficiently African, in culture and etnicity, “Nacionalists of Colonial Sucessions” instead of “Panafrican Nacionalists” as General Numa, UNITA chief Strategist for what he dubs “The Third Angolan Revolution” (TRA), which is the party plan to gain power in 2022, outline in a 2019 speech to a gathering of all oposition forces, activists and NGO, that where invited to be partners and where finally joined openly by dissidents of the MPLA Justino de Andrade and Marcolino Moco, and maybe covertly by the sons of the ex-president JES.

Numa speech on the TRA

Numa advocate a “cultural revolution” that would finally force everybody to think like an African, like it was done in China at the cost of millions of deaths that was worth it since they are finaly Chinese. UNITA second source of legitimacy is that its traditional Ovimbundu ethnic group is the biggest in the country, representing 35% of the population while the MPLA Kimbundu are 25%, however this doesn’t take into account the Urban Angolans that have a nacional identity. This is why this is a existencial threat to the MPLA, which cannot just quietly go into the night.

The plan sought to destabilize the government by a series of sequencial strikes, violent street protests, justified by people like Moco because “the government policy is itself violence already”, and fomenting or justifying vandalism, to culminate in a kenya style post-electoral crisis, that would allow UNITA to gains power, it has been busy in the last month in casting doubts on the electoral process and is trying to incite riots around polling centers, maybe in a bid to swamp the security forces.

UNITA is not interested in a Democratic Election, it has historically dismissed smaller Parties as a MPLA ploy, seeking instead a direct match up, it has not publicized the results of its paralel counting for the last electing since maybe confirmed its defeat against the MPLA, 51 against 35% according to the counting done the Jikky Project done by Luaty Beirão on a much smaller sample.

Results of the 2016 election accoding to the JIKKU project

Finally because it refuse the legitimacy of the state and seek to create a new one from scratch. They don’t seek a Democratic transition as it was done in South Africa, they want a total Change as it was done in Zaire with the fall of Mobutu. Since “all problems will be solved by UNITA”, any price paid to elevate it in power is legitimate.

What will happen ?
The old age of most people involved on both sides, most have between 60 and 70 years, means that this is their last rodeo and chance to be actors, so they are showing a radical posture that could raise the stakes, but at the same time the next generation of leaders, Adão de Almeida and Massamba Savimbi, might not be keen in final show-done yet, except maybe Luaty Beirão who believes that the people is at the cusp of revolt.
The occurrence of riots is in the interest of both the MPLA and UNITA, for the first would like images to discredit the second, while the second hope that a general revolt require just an initial spark.

There are 3 scenarios:
1- Brazen MPLA victory with super-majority and obvious grass rigging of the poll, to provoque UNITA to carry its plan out so that it can be destroyed in a crackdown, with the possibility that a weak UNITA show of force would make it lose face.
2- Minor MPLA victory with a simple majority, closer to the true results of the polls, with growth of minors parties, that would divide the moderates and radicals of the FPU and expose UNITA to the role of the anti-democratic force in case it still carry out its plans of revolt.
3- A Coup of a MPLA faction in support of UNITA rioters, out to claim victory at the polls, be it real or imagined, the most dangerous scenario as it would signal the start of the disintegration of the Angolan State.

This analysis is not a defense of the MPLA, but of the Angolan Nacional project, for having witnessed the fall of the Zairian State under the escuse of removing Mobutu Sesseko and creating a democracy, I fear that the same is being done in Angola, with the same result of regression to tribal fighting and extermination of the last signs of civilization.